Setúbal: Igreja Católica acompanhou «sofrimento» de moradores da Quinta da Parvoíce, na demolição de 10 casas

«Estamos a ver os escombros de um bombardeamento ou terramoto, é como ficou» – Padre Constantino Alves

Setúbal, 28 fev 2020 (Ecclesia) – O pároco de Nossa Senhora da Conceição, na Diocese de Setúbal, acompanhou esta manhã a demolição de casas clandestinas na Quinta da Parvoíce e afirma que os “esforços”, neste momento, se centram no “realojamento” de todas as pessoas.

“Meteram as máquinas e ficou aquele entulho amontoado entre as casas habitadas. Se o pretexto era o risco e a segurança continua exatamente com o mesmo risco e a mesma insegurança”, explica o padre Constantino Alves.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o pároco de Nossa Senhora da Conceição, que acompanhou o processo de demolição de 10 casas clandestinas, observa que o local se assemelha “a ver os escombros de um bombardeamento ou terramoto”.

As demolições estavam previstas para o início desta semana e os moradores da ‘Quinta da Parvoíce’ foram avisados pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), através de editais afixados nas portas de casa.

O padre Constantino Alves explica que foram demolidas casas que ainda estavam em construção, mas os futuros habitantes já moravam no bairro clandestino com “outros familiares”; “duas casas estavam habitadas”, tinham apenas a sala/quarto “onde dormiam” e estava a ser construído “um anexo para a cozinha e para a casa de banho que derrubaram”.

“Foi um ambiente de dor, as pessoas gritavam, as crianças choravam, e viam todos os seus esforços, as pequeninas poupanças, a futura casa ser destruída e ficar um monte de pedregulhos”, conta o sacerdote, para o qual a força policial presente foi “desproporcionada”.

O responsável da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição explica que “os esforços” das instituições da Igreja Católica, nomeadamente da Diocese de Setúbal, da Cáritas diocesana, “é sensibilizar os poderes locais, a câmara municipal, a Segurança Social, os ministérios da tutela (deste setor) para o “realojamento das pessoas que mantiveram as suas casas, mas no meio dos escombros”.

“O que se reclama é o realojamento em condições de segurança e dignidade, pagando as suas rendas, rendas sociais, e para os que estavam a construir as suas casinhas também”, desenvolveu o sacerdote.

Os moradores da ‘Quinta da Parvoíce’, com a ajuda da paróquia sadina, apresentaram uma providência cautelar mas o “IHRU ainda não tinha sido notificado”, o padre Constantino Alves adiantou que o advogado que também acompanhou as demolições, mostrou “o número de processo e a cópia de requerimento do tribunal”, e contactou com a presidente do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana que “foi insensível” aos apelos.

“É um sofrimento enorme daquela gente, um desencanto, é uma tristeza a maneira como foram tratados, como se fossem feras”, concluiu o pároco de Nossa Senhora da Conceição, na Diocese de Setúbal.

No início desta semana, o bispo de Setúbal, D. José Ornelas, também visitou os moradores da ‘Quinta da Parvoíce’ e alertou que as pessoas com “mais fragilidade económica não conseguem fazer face aos alugueres”, por isso, procuram alternativas.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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