Setúbal: Estátua evoca D. Manuel Martins na primeira paróquia que criou na diocese

D. José Ornelas recordou o primeiro bispo diocesano, na Charneca da Caparica, e disse que ele continua a ser «inspiração» na atualidade

Charneca da Caparica, 08 dez 2018 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal presidiu hoje à inauguração de uma estátua de D. Manuel Martins na primeira paróquia que criou quando chegou à diocese, há 43 anos, e disse que ele continua a ser uma ”inspiração” na atualidade

“É um primeiro bispo que nos deixou uma grande inspiração, a muitos níveis, como homem de uma Igreja que colocou as pedras que ainda hoje constituem as suas caraterísticas, seja no domínio da fé, na maneira de ver a Igreja fraterna, ativa e participativa”, afirmou D. José Ornelas na paróquia da Charneca da Caparica.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o bispo de Setúbal recordou o “homem de diálogo” que foi D. Manuel Martins, as pontes que criou, seja “a nível político como social” e que “ainda hoje perduram”, nomeadamente no que diz respeito às questões sociais.

D. José Ornelas referiu que a Diocese de Setúbal continua hoje a procurar a “mesma atitude participativa” e comprometida na procura de soluções para os vários problemas da sociedade.

Para o pároco da Charneca da Caparica, padre Francisco Mendes, a inauguração da estátua de D. Manuel Martins no adro da igreja paroquial é uma homenagem da “filha mais velha” do primeiro bispo de Setúbal.

“Esta foi a primeira paróquia da diocese de Setúbal que ele criou após ter sido ordenado bispo, passados nem dois meses”, lembrou o sacerdote responsável pela paróquia no Concelho de Almada em declarações à Agência ECCLESIA.

“Todos os dias 8 de dezembro de manhã, D. Manuel Martins estava por aqui, vinha celebrar, crismar, estar com os mais pobres, almoçar e depois dirigia-se para a Sé para celebrar, como clero e o povo, o Dia da Diocese, que também é hoje”, acrescentou.

Para o padre Francisco Mendes, permanece na comunidade da Charneca da Caparica, no Concelho de Almada, uma proximidade “muito especial” a D. Manuel Martins, que “marcou pelo seu exemplo” toda a sociedade.

Presente na cerimónia, a presidente da Câmara Municipal de Almada disse que a inauguração da estátua é a “melhor comemoração” dos 43 anos da criação da paróquia e recordou a determinação do primeiro bispo de Setúbal no “único e verdadeiro combate”, o de dar voz a quem “não consegue ter voz”.

“Essa é uma das grandes missões da Igreja e também da ação política: em qualquer circunstâncias, nunca esquecer aqueles que nunca conseguem ter voz, que são obrigados a procurar novos abrigos, que emigram, que procuram a paz e fogem da guerra ou os que, pela idade, estão isolados, nas suas casas”, disse Inês Medeiros.

O primeiro bispo da Diocese de Setúbal, D. Manuel da Silva Martins, nasceu em Leça do Balio, na Diocese do Porto, a 20 de janeiro de 1927, onde também faleceu 24 de setembro de 2017.

Ordenado sacerdote em 1951, após a formação nos seminários do Porto, estudou depois Direito Canónico em Roma, na Universidade Gregoriana.

Foi pároco de Cedofeita, no Porto, entre 1960 e 1969, quando foi nomeado vigário-geral da diocese nortenha em 1969, antes ir para Setúbal.

Na Conferência Episcopal Portuguesa D. Manuel Martins foi presidente da Comissão Episcopal da Ação Social e Caritativa e da Comissão Episcopal das Migrações e Turismo, tendo sido também presidente da Secção Portuguesa da Pax Christi e da Fundação SPES.

A 23 de abril de 1998, o Papa João Paulo II aceitou o seu pedido de resignação ao cargo de bispo de Setúbal.

O bispo emérito foi agraciado com a grã-cruz da Ordem de Cristo, durante as comemorações do 10 de junho de 2007, em Setúbal, e com o galardão dos Direitos Humanos da Assembleia da República, a 10 de dezembro de 2008.

“Ele começava todos os dias a rezar o rosário e depois as ladainhas; e quando acabava as ladainhas de Nossa Senhora, eram as suas próprias ladainhas. Aquilo não acabava. Aí assentava o dia de trabalho! Gostaria muito que isso ficasse impresso na estátua. Há o rosário que lhe envolve o lado direito, uma fita com a referência às ladainhas de Nossa Senhora que ficou mesmo fundido com ele. E a amabilidade, autoridade, proximidade e entrega ao povo, numa oração preparada todos os dias. (João Sousa Araújo, escultor)

PR

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Agência ECCLESIA

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