A peregrinação é um momento “de reflexão séria sobre o nosso modo de ser Igreja”, D. Américo Aguiar
Setúbal, 09 nov 2024 (Ecclesia) – A Diocese de Setúbal peregrinou até ao Santuário de Fátima, este sábado, e o bispo diocesano, cardeal D. Américo Aguiar, disse na homilia da celebração que “nunca é demais frisar a necessidade de sermos ousados nas novas estratégias de evangelização”.
“Este momento é também de reflexão séria sobre o nosso modo de ser Igreja. Nunca é demais frisar a necessidade de sermos ousados nas novas estratégias de evangelização. Muitas vezes, ficamos presos ao passado, à mentalidade do “sempre foi assim”, o que pode limitar a nossa capacidade de levar o Evangelho a todos os cantos do mundo, de um mundo que começa ao nosso lado, precisamente ao nosso lado!”, defendeu o cardeal D. Américo Aguiar.
Na peregrinação àquele santuário mariano, que juntou mais de 9 mil peregrinos da diocese sadina, o bispo de Setúbal entregou, logo pela manhã, à comissão sinodal diocesana e a alguns sacerdotes e fiéis o Documento Final do Sínodo dos Bispos, que o Papa Francisco tomou como seu, decidindo não escrever uma exortação apostólica, realça uma nota enviada à Agência ECCLESIA.
Nesta que foi a primeira de três peregrinações no âmbito do Jubileu Diocesano que a diocese está a viver por ocasião do seu 50º aniversário, D. Américo Aguiar justificou o simbolismo da entrega do documento com a necessidade de “acolher e colocar em prática” os resultados do Sínodo.
“Este momento é também de reflexão séria sobre o nosso modo de ser Igreja”, sublinhou.
No início da homilia, ao saudar os bispos que o antecederam no cargo, D. Américo Aguiar ofereceu a cada um deles uma imagem do Beato Carlo Acutis.
“Nós vamos oferecer ao Sr. D. José e ao Sr. D. Gilberto umas estatuetas do beato, dentro de poucos meses Santo Carlo Acutis, para lhes agradecer a vida que deram nesta porção dos 49 anos da diocese de Setúbal. Lágrimas, sorrisos, coisas boas e coisas más, passaram-se no coração destes dois homens, destes bons pastores, e, por isso, a nossa gratidão, através da entrega do Carlo Acutis, que ele seja juventude e santidade nos corações do Sr. D. José e do Sr. D. Gilberto”, disse o bispo de Setúbal.
Apesar da ação de graças pelos 50 anos que passaram, D. Américo Aguiar focou a sua homilia na projeção dos próximos tempos na diocese, defendendo que “é fundamental que tenhamos a coragem de sair da nossa zona de conforto, de experimentar novas formas de comunicar a mensagem de Cristo, de alcançar as pessoas nos meios em que se encontram, de manter as portas abertas, de ir ativamente à procura de todos, sem esperar apenas que apareçam”.
“Não podemos ficar estagnados no passado, mas sim ser proactivos e criativos na missão de anunciar o amor de Deus a todos, especialmente aos mais afastados e necessitados”, sustentou, acrescentando que “desejo, portanto, que esta Peregrinação, que nos ajuda a fazer memória agradecida do antes e do agora, seja também um momento de partida para renovado discernimento, que nos abra às novas formas de ser Igreja”.
O cardeal D. Américo afirmou que é preciso refletir sobre a “realidade da nossa diocese e das nossas comunidades”, explicando que “os resultados do Censo da Prática Dominical na nossa diocese apontam para uma descida acentuada dos praticantes em muitas paróquias, revelando um desafio para a nossa missão evangelizadora”. Neste sentido, alerta para “a importância de envolver e acolher as gerações mais jovens, garantindo a continuidade e renovação, libertos de esquemas mentais e pastorais que nos aprisionam e nos impedem de fazer novas todas as coisas”.
Outro dos dados “já conhecidos” do inquérito à prática dominical feito na diocese foi a forte presença de uma comunidade imigrante na diocese.
“Não podemos deixar de destacar a presença significativa de imigrantes nas nossas comunidades, cerca de 26% do total, o que nos traz uma grande alegria e uma oportunidade única de nos tornarmos comunidades verdadeiramente inclusivas, acolhendo a diversidade e enriquecendo-nos uns aos outros com as nossas diferenças, que nos podem e devem complementar”, avisou, defendendo que “o desafio da integração e do acolhimento dos imigrantes é uma oportunidade para crescermos juntos na fé e na solidariedade, construindo pontes de fraternidade e amor”.
No final, deixou ainda o desejo que o trabalho de reorganização do mapa diocesano que está a ser levado a cabo na diocese permita “criar e planificar um modo renovado de presença da Igreja, junto dos que mais precisam”.
“Desejo que seja mais uma oportunidade para repensar a nossa missão, como verdadeiros discípulos de Cristo e assim descobrir novas formas de estar onde estão tantas pessoas, a quem a descoberta de Cristo Vivo, pode significar uma vida nova, plena do Amor de Deus”, concluiu.
LFS