No encerramento do Jubileu, cardeal pediu que as «famílias reais» não fiquem presas ao sofrimento e sejam «semeadores de esperança»

Setúbal, 28 dez 2025 (ecclesia) – O bispo de Setúbal encerrou hoje o Ano Jubilar na diocese com um forte apelo à proteção da família, denunciando o “flagelo da violência doméstica” que continua a marcar a sociedade portuguesa.
“Pedimos à Sagrada Família que nos ajude na nossa fragilidade, no nosso pecado, nas nossas limitações”, afirmou D. Américo Aguiar, na celebração da festa da Sagrada Família, sublinhando que a violência dentro de portas é uma contradição com a mensagem cristã.
Durante a Missa, transmitida em direto a partir da Sé de Setúbal, o cardeal alertou para a necessidade de proteger o ambiente familiar, distinguindo a idealização do presépio das “famílias reais, de realidade”, que enfrentam crises e provações.
O bispo sadino pediu que os lares sejam lugares de segurança e não de agressão, lembrando que Deus deve estar presente “nos momentos bons e nos momentos maus” das vidas das pessoas.
Numa homilia marcada pela proximidade aos problemas sociais da Península de Setúbal, o cardeal evocou o atual contexto de dificuldades na saúde.
“[Rezamos por] aqueles que nestes dias fazem vias-sacras nos hospitais, infelizmente, pela gripe A, B, C, D, por todas essas dificuldades e problemas”, referiu, utilizando a expressão para ilustrar o sofrimento de quem procura cuidados médicos.
Apesar dos obstáculos, D. Américo Aguiar exortou a comunidade a não se deixar vencer pelo desânimo.
“O que eu peço é que elevem um bocadinho o olhar. Que não fiquemos no problema, não fiquemos no sofrimento, não fiquemos na dificuldade e no obstáculo. Sejamos capazes de elevar um bocadinho os olhos e ver mais longe, ver o amanhã”, apelou.
Assinalando o fim do Ano Santo na diocese, o bispo de Setúbal definiu a missão para o futuro imediato: “Sermos capazes desta missão de semearmos a esperança”.
D. Américo Aguiar alertou que, muitas vezes, as instituições e a sociedade falham porque “não terem presente o bem comum, o bem de todos, todos, todos”, recuperando a expressão proferida pelo Papa Francisco, em Portugal, na JMJ 2023.
“Acredito profundamente que o amanhã, o futuro é magnífico, graças ao trabalho, à dedicação e ao empenho de todos”, concluiu o bispo de Setúbal.
Coincidindo com o encerramento do Jubileu universal nas dioceses e dos 50 anos da Diocese de Setúbal, D. Américo Aguiar divulgou hoje a sua mensagem para o Ano Novo de 2026, ‘Semeadores de Esperança’, enviada à Agência ECCLESIA.
“O Jubileu não termina como quem arruma uma memória. Termina como quem recebe uma missão”, escreve o cardeal, rejeitando que o fim do Ano Santo seja o fechar de uma porta.
Para o responsável, 2026 deve marcar o tempo de uma Igreja “mais próxima, mais simples, mais disponível para servir” e que “não espera, mas que sai, encontra, escuta e cuida”.
“Semear esperança é ir ao encontro das pessoas onde elas estão, nas suas casas, nos bairros, nos locais de trabalho, nas escolas, nos hospitais, nas prisões. É não desistir de ninguém”, pode ler-se no documento.
Convocado pelo Papa Francisco através da bula ‘Spes non confundit’ (A esperança não engana), o Ano Santo encerra-se este domingo nas dioceses de todo o mundo.
O 27.º Jubileu ordinário da história da Igreja Católica, iniciado na Noite de Natal de 2024, terá a sua conclusão a 6 de janeiro de 2026, no Vaticano, sob a presidência de Leão XIV, com o fecho da Porta Santa na Basílica de São Pedro.
OC
