Bispo diocesano falou da instabilidade política no país, na homilia da Vigília Pascal

Setúbal, 20 abr 2025 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal, D. Américo Aguiar, afirmou na celebração da Vigília Pascal deste sábado, na catedral diocesana, que Portugal vive “tempos de incerteza”, apontando à instabilidade política no país.
Tivemos eleições há pouco tempo, mas já nos preparamos para novas eleições; há muitas perguntas no ar, alimentam-se as dúvidas, espalham-se as acusações; perante tudo o que se passa, é quase natural que se olhe para o futuro com medo, com desconfiança, com cansaço, quando olhamos sequer para o futuro”, referiu o cardeal, na homilia enviada à Agência ECCLESIA.
Inspirando-se no Evangelho que relata o episódio em que Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e Salomé foram ao sepulcro de Jesus, o cardeal recordou que aquela era “uma pedra grande e pesada”, tal como são as pedras que pesam no peito, os “problemas de cada um, as incertezas de todos, as guerras que não acabam, os conflitos económicos, as crises sociais”.
“Como nos pesa a guerra na Ucrânia, o ver todos os dias irmãos a matar irmãos na Terra Santa, a terra onde Jesus nasceu, morreu e ressuscitou. Como são grandes e pesadas estas pedras que fecham a vida e a esperança de milhões de pessoas, irmãos na Fé, famílias inteiras, amigos que estão distantes”, lamentou o bispo.
Segundo D. Américo Aguiar, “é legítimo perguntar: Como é possível? Como pode a vida vencer se ainda se mata em nome de Deus, em nome do poder, em nome de ideologias?”.
No entanto, sublinha o bispo, as respostas estão no “sepulcro vazio” para o qual hoje os cristãos olham.
“Surpreendidos uns, desconfiados outros. A pedra foi removida, não pelas mulheres, não por soldados, foi Deus que a retirou. E tirou-a de uma vez por todas, para nos dizer a morte não tem a última palavra”, salientou.
De acordo com o cardeal, é por isso que hoje todos não são “um grupo de pessoas que acreditam em ideias bonitas”, não são “um clube de gente de bem”, mas antes peregrinos, cristãos, “seguidores de um Deus que está vivo”.
“Como aquelas mulheres que se levantaram cedo para cuidar do corpo de Jesus, como Maria, Sua Mãe, somos chamados a levantar-nos e partir apressadamente para anunciar o Amor de Deus, tornado vivo na Ressurreição de Jesus”, assinalou.
Fazendo referência à Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, o bispo exortou a enfrentar a “grande aventura”, a de “levar esta Jornada ao mundo”, “dizer às pessoas” ao redor, nas paróquias, nas escolas, nas famílias, nos trabalhos, nas redes sociais, “que a vida vale a pena, que o Bem vence, que a Paz é possível, que a Esperança” fala a todos “de um futuro que começa hoje”.
“Fomos, somos e seremos Peregrinos desta Missão. E Maria, Mãe da Esperança, continua connosco, vai à frente, corre connosco, corre como no tempo da Jornada Mundial da Juventude, ao encontro de sua prima Isabel”, indicou.
“A pedra removida mostrava um sepulcro vazio”, disse D. Américo Aguiar, apelando a deixar que a outra pedra, a do “coração, também seja removida”.
LJ