Setúbal: Comissão Diocesana leva conclusões do Sínodo ao encontro das comunidades católicas

Responsável sublinha «recetividade» para debater e implementar desafios do processo lançado pelo Papa Francisco

Barreiro, 24 mar 2025 (Ecclesia) – O padre José Pinheiro, responsável da Comissão Sinodal Diocesana, em Setúbal, disse à Agência ECCLESIA que tem encontrado “recetividade” por parte das comunidades católicos, no ciclo de encontros que visam divulgar o documento final da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos.

“Houve recetividade, mas também temos consciência que é um ponto de partida neste desafio de concretização do documento. As experiências foram muito positivas, foram muito ricas, sentiu-se que as pessoas tiveram espaço para falar, para rezar, para ouvir o Espírito Santo e para interiorizar aquelas que foram as grandes linhas propostas neste documento final”, refere o sacerdote, em declarações à Agência ECCLESIA.

O responsável falava na Igreja de Santo André, Barreiro, que acolheu este domingo o encontro da Vigararia (conjunto de paróquias) de Barreiro-Moita, penúltimo de uma série lançada pelo bispo diocesano.

D. Américo Aguiar divulgou uma nota episcopal, convocando a diocese a implementar as conclusões do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade, com encontros vicariais até final de março.

No documento intitulado Concretizar o ‘estilo novo de ser Igreja’, o cardeal refere que “importa que cada comunidade, cada família religiosa, cada pessoa encontre em si a disponibilidade e a motivação para aprofundar a reflexão sinodal para depois a pôr em prática através de atitudes novas de proximidade e partilha da missão que todos”.

Para o padre José Pinheiro, após cinco encontros “a avaliação é muito positiva”, destacando o “esforço de ir ao encontro de cada vigararia e desafiar todos que quisessem participar”.

“O desafio é que se criem ou renovem os Conselhos Pastorais Paroquiais, mas também há um desafio que D. Américo colocou à nossa diocese de, ao fim de 11 anos, reativarmos o Conselho Pastoral Diocesano”, acrescentou.

Já a irmã Irene Guia, religiosa das Escravas do Sagrado Coração de Jesus que integra a Comissão Sinodal Diocesana de Setúbal, destaca o impacto do “método de escuta, escuta ativa”, proposta pelo Sínodo, que leva à “conversação espiritual”.

“Começamos por dizer que é para que todos tenham voz, que não fique ninguém de fora, que todos tenham tempo de antena para podermos discernir e chegar a uma decisão coesa, com a noção de que o Espírito Santo passa por qualquer um e por todos”, sublinhou.

Para a religiosa, este é o melhor método para combater a “divisão” nas comunidades, promovendo a “conversão das relações”.

A irmã Irene Guia destaca a oportunidade de promover o diálogo entre elementos de várias gerações e de diversas comunidades.

“Conforme a primeira ronda e a segunda ronda, vê-se que se estão a ouvir uns aos outros e isso independentemente de idades diferentes, paróquias diferentes”, relata.

Augusta Delgado, que também integra a Comissão Sinodal Diocesana, aponta ao esforço de “tirar o Sínodo deste documento, de um livro, que poderia ficar numa prateleira e colocá-lo em prática numa comunidade”.

“Há comunidades mais participativas, mais envolvidas, outras nem tanto, mas isto é uma resposta e é o tempo de cada um. Julgo que este é um momento que vai incentivar todas as paróquias, para que possam efetivamente agarrar neste documento, nesta estratégia, para avançar e aplicá-lo na sua comunidade”, prossegue.

Rosário Alves, da paróquia de Santa Maria do Barreiro, participou no encontro vicarial deste domingo e considera que o mesmo foi “muito produtivo”.

“Tive oportunidade de escutar outros irmãos, de outras comunidades, de outras paróquias, assim como as pessoas que apresentaram este documento e nos provocaram a responder a esta sinodalidade”, declarou.

A leiga, que colabora nos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM), fala num “caminho que deve ser concretizado” em cada paróquia, “numa abertura a todos”, como pede o Papa Francisco.

“Devemos ser, de facto, inclusivos, acolhedores e estar em escuta ativa daquilo que se passa no coração de cada ser humano, de forma a integrarmos cada vez mais uma comunidade e uma Igreja solidária e fraterna”, sustenta.

Paulo Domingos, seminarista a fazer formação na Diocese de Setúbal, considerou que, neste caminho sinodal, “não se deve ter pressa, é preciso sempre ter esse espírito de escuta, também de partilha”, assumindo a vontade de ser “um padre alinhado com a sinodalidade”, no futuro.

Os anteriores encontros vicariais reuniram as comunidades de Almada-Caparica (27 de fevereiro), Seixal (6 de março), Palmela-Sesimbra (9 de março) e Montijo (16 de março).

A última sessão vai decorrer em Setúbal (30 de março, às 15h30, Igreja da Anunciada).

A 7 de junho vai decorrer uma assembleia diocesana de pastoral, em Almada.

HM/OC

A Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos, do Vaticano, lançou a 15 de março “um caminho de acompanhamento e avaliação da fase de implementação” do processo sinodal e convocou uma inédita Assembleia Eclesial, para outubro de 2028.

A XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, cuja segunda sessão decorreu de 2 a 27 de outubro de 2024, sob a presidência do Papa, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão decorreu em outubro de 2023.

Francisco promulgou o documento final e enviou-o às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal, uma possibilidade prevista na constituição apostólica ‘Episcopalis communio’.

Um mês depois, o Papa publicou uma “nota de acompanhamento” do documento final, sublinhando o seu valor como “magistério” pontifício e a necessidade de implementação nas comunidades católicas.

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