«No calvário que hoje fomos e somos convidados a revisitar, foi-nos dada a maior prova de Amor.» – D. Américo Aguiar

Setúbal, 18 abr 2025 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal disse que precisam de “não ter vergonha de falar” sobre o amor de Jesus, e alertou para o atual tempo de dor e tempo de ganância no mundo, na celebração da Paixão do Senhor.
“A Cruz de Jesus é um espinho na vida da humanidade. Mas como todos os espinhos, que podem criar feridas más e purulentas, também se podem tirar e conseguimos ver a maravilha da pele sarada, a marca que o tempo esbate… precisamos de refletir sobre os espinhos que temos e que colocamos uns aos outros”, disse D. Américo Aguiar, na tarde desta Sexta-feira Santa, na Sé de Setúbal.
Na homilia da celebração da Paixão do Senhor, enviada à Agência ECCLESIA, o bispo diocesano explicou que se vive “um tempo de dor”, de guerras testemunhadas diariamente, “na Terra de Jesus, na massacrada Ucrânia e em mais de outros 50 países”, a guerra mundial “aos bocadinhos”, como afirma o Papa Francisco, “face a milhões de homens, mulheres e crianças que morrem às mãos de alguns”.
O cardeal D. Américo Aguiar alertou também para o atual tempo de “ganância, uma espécie de guerra económica mundial”, de descalabro de valores e referências, “de destruição da casa comum”.
“Vivemos um tempo de maledicências, de ataques ferozes, de uma distribuição da riqueza totalmente injusta. «O Ocidente como o conhecíamos até ao presente acabou». Esta afirmação da Presidente da Comissão Europeia deve-nos fazer refletir e orar…”, acrescentou.
O bispo sadino, que começou a sua homilia a saudar fraternalmente “a todos, todos, todos”, explicou que o dia de Sexta-Feira Santa traz consigo “a realidade do pecado e do mal, a dor da injustiça e da ignominia, o peso do sofrimento e do madeiro da Cruz”.
“A celebração da paixão e morte de Jesus, permanece um mistério porque, na verdade o que estes momentos de dor, de sofrimento, de aparente vitória do mal e do pecado, nos irão revelar, nos irão oferecer é uma autêntica explosão de Amor”, assinalou, tendo observado que “para pasmo de muitos”, nesta celebração iam “adorar a Cruz, ajoelhar à sua passagem, curvar as cabeças e entregar o coração a Jesus que passa”.
O cardeal D. Américo Aguiar convidou a continuarem “como peregrinos neste dia de dor”, porque ser peregrino tem a finalidade “de se alcançar um destino, de se vencer mais uma etapa, de celebrar uma chegada”.

“A Paixão de Jesus, não tem nada a ver com vitórias, nem festas para celebrar conquistas. É antes uma sequência de derrotas, uma vitória da injustiça e do mal, um sofrimento cujo sentido não se entende”, acrescentou, o bispo de Setúbal, que indicou que precisam de “não ter vergonha de falar sobre este Amor que salvou o mundo, um homem bom morreu”.
A Diocese de Setúbal informa que D. Américo Aguiar vai presidir a todas as celebrações deste Tríduo Pascal na Sé de Setúbal, hoje ainda realiza-se a procissão penitencial da igreja de São Julião para a Sé, pelas 21h00; no Sábado Santo, à vigília pascal, pelas 22h00 -, com transmissão nas suas páginas nas redes sociais Facebook e Youtube.
CB