Cardeal D. Américo Aguiar presidiu à Missa Crismal, na catedral diocesana

Setúbal, 17 abr 2025 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal afirmou na Missa Crisma que os padres foram ungidos na ordenação sacerdotal para ser enviados para “os becos das dúvidas” e “os cruzamentos da vida real”, contando com a proteção de “Maria, Mãe da Esperança”.
“A unção não é para ficar guardada num frasco bonito. O Espírito unge-nos para nos enviar. E envia-nos não para os salões das certezas, mas para os becos das dúvidas, para as estradas sem saída, para os cruzamentos da vida real, os lugares onde o Evangelho ainda não chegou porventura”, afirmou D. Américo Aguiar.
O bispo de Setúbal presidiu esta manhã à Missa Crismal, na catedral diocesana, que reúne “à volta do altar” diáconos, padres, Bispo e “tantos ministérios, irmãos e irmãs, religiosos e religiosas, consagrados e consagradas, seminaristas, tantos companheiros da estrada que escolhemos para caminhar” para celebrar a missão e o “lugar” onde cada um é enviado, cumprindo o mandato de ser “Igreja em saíde”.
“Esta nossa Igreja, nos 50 anos de aniversário da sua criação, tão bela, tão ferida, tão promissora, espera por nós. Espera por cada um de nós, não como heróis, mas como colegas, amigos, companheiros no mesmo caminho; não como pais, mas como irmãos. Como padres que sabem ouvir, que sabem estar”, afirmou.
Peço-vos que não tenhamos medo de tocar as feridas com as mãos ungidas. Peço-vos que se ajoelhemos diante do povo, como o Senhor se ajoelhou aos pés dos Seus discípulos. Somos enviados para estar, para caminhar ao lado, para ir à frente, para permanecer atrás; somos enviados para dar nome à Esperança onde muitos só conseguem ver obstáculos, vidas sem sentido, trevas e muros”.
O cardeal D. Américo Aguiar lembrou que a esperança cristã “é uma pessoa, é Cristo, é Cristo Vivo” e confiou a missão de cada um a “Maria, Mãe da Esperança”.

“No meio de tudo o que nos acontece, não estamos sozinhos. Eu não estou sozinho, nenhum de vós está só. Maria caminha connosco. E, em Setúbal, queremos caminhar de mãos dadas com Ela”, indicou.
O bispo de Setúbal referiu-se aos sacerdotes que celebram este ano as bodas de prata de ordenação sacerdotal, os padres Ivan, José Maria e Miguel Aguiar, e agradeceu aos sacerdotes “recentes jubilados”, o padre Eduardo, o padre Manuel e o padre Júlio, que “deram tudo o que tinham” e continuam a dar “o testemunho do que significa ser ungido e enviado”.
D. Américo Aguiar referiu-se ao dia da ordenação sacerdotal de cada um dos padres, quando, deitados no chão, entregaram tudo “cheios de esperança e de confiança”, depois o “gesto simples, mas tão forte, a unção das mãos com o óleo do Crisma.
A partir daquele momento, as nossas simples mãos, de homens simples, passaram a ter o privilégio de serem mãos que abençoam, que acolhem, que erguem, partem o pão e o distribuem. Mãos ungidas, não para guardar, mas para dar”.
Bispo de Setúbal lembrou que “ser ungido é aceitar ser de Cristo”, aceitar que a vida de cada um “é para servir”.
É aceitar também que a unção é ferida, porque nos leva, tantas vezes, a darmo-nos onde não há reconhecimento ou gratidão, onde há indiferença ou cruz. Mas as nossas mãos serão até ao fim das nossas vidas mãos ungidas”, sublinhou.
A Missa Crismal reúne em torno do bispo o clero de cada diocese, na qual são abençoados os óleos dos catecúmenos e dos enfermos e consagrado o santo óleo do crisma, que serão utilizados ao longo do ano nos sacramentos do Batismo, Confirmação, Unção dos Doentes e Ordenação.
Durante a Missa Crismal, celebrada na manhã de Quinta-feira Sana, os sacerdotes renovam as promessas feitas no dia da ordenação sacerdotal; de tarde, inicia o Tríduo Pascal, com a Missa vespertina da Ceia do Senhor, evocando a instituição da Eucaristia e do sacerdócio e o “mandamento do amor”, simbolizado no gesto do lava-pés.
PR