Setúbal: Biodiversidade ocupa lugar central na Lisnave

estaleiro naval acolhe floresta de espécies autóctones

Setúbal, 30 ago 2024 (Ecclesia) – Os estaleiros da Lisnave, em Setúbal, uma referência para a indústria naval em Portugal, oferecem um lugar central à biodiversidade, junto ao Sado, com uma pequena floresta de plantas autóctones.

A ideia partiu de Vítor Gordo, responsável pela fotografia e vídeo neste estaleiro naval.

“Desenvolvi esta ideia a partir de um método japonês que se chama miyawaki”, refere à Agência ECCLESIA o profissional, que aproveitou a redução de movimento no estaleiro motivada pela pandemia para pôr o projeto em marcha.

Após avaliação pelo setor de Ambiente da empresa, o desafio foi lançado aos colaboradores que, em novembro de 2022, meteram mão à obra.

“Entendemos que era uma excelente ideia para sensibilizar os nossos colaboradores para o cuidado ambiental e ir mais além daquilo que já fazemos na empresa”, indica Cláudia Spranger, engenheira que supervisiona o setor.

Pelo facto de, no seu trabalho, recorrer muito aos drones, Vítor Gordo conseguiu ter uma noção de conjunto dos espaços que escapa à maioria e identificar as zonas que poderiam ser valorizadas, em termos ambientais.

“Imaginei que pudesse haver mais espaços verdes dentro do estaleiro e propus este novo conceito de plantação, para envolver as pessoas que aqui trabalham”, explica.

Composta por espécies como o sobreiro, a murta, o medronheiro, a ilha de biodiversidade da Lisnave prepara-se para se tornar independente da rega pontual que recebe, uma das características do método do botânico japonês Akira Miyawaki.

As plantas autóctones vão crescendo e aumentando a densidade de forma a manter humidade e temperaturas baixas junto ao solo o que, a prazo, vai gerar uma floresta que regista um crescimento dez vezes superior a uma floresta tradicional.

A aposta vem reforçar uma atitude já em prática na empresa, que obriga a gerir com critério os recursos ambientais.

Cláudia Spranger afirma que esse “cuidado” faz parte da forma como a Lisnave se posiciona, no seu setor de atividade.

“Lamentamos que as regras da União Europeia, exigentes e necessárias, não sejam seguidas por alguns dos nossos concorrentes mundiais”, indica a engenheira.

Para diminuir a dependência do consumo de eletricidade, o estaleiro também investiu em centrais fotovoltaicas que asseguram 10% das necessidades energéticas da unidade industrial, neste momento.

A reportagem integra o programa 70X7 que vai ser emitido este domingo, na RTP2, pelas 07h30, assinalando o início do “Tempo da Criação”, iniciativa ecológica e ecuménica que mobiliza milhões de cristãos em todo o mundo, até 4 de outubro.

HM/OC

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Agência ECCLESIA

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