José Luís Nunes Martins
Muitas ideias e emoções preenchem o nosso interior, mas, talvez por serem tantas, todas elas acabam por ser passageiras. Sucedem-se, como se se empurrassem umas às outras para disputar a nossa atenção. Uma turbulência caótica que cansa, sem que sequer percebamos bem o sentido de assim ser.
Tão depressa nos entristecemos com uma angústia profunda como no minuto seguinte isso acaba por ser passado para trás por uma qualquer preocupação com algo tão superficial como a necessidade de comprarmos qualquer coisa… É claro, logo a seguir podemos deixar-nos ir por uma memória longínqua que acaba também interrompida, desta vez pelo calor que estamos a sentir e que nos obriga a abrir uma janela. Chegados à janela, é bem possível que entreguemos a nossa atenção a uma qualquer ideia que nos assalte!
Pensando em tanta coisa, acabamos por não pensar em nada. Gerimos muitas coisas, mas não digerimos nada. Sem tempo, não descansamos, não processamos nem resolvemos tanto quanto poderíamos se fossemos mais capazes de não nos deixarmos perturbar pela cascata sem fim de informações.
Quantas vezes sentimos mais algo que surge em sofrimento ou em alegria diante de nós do que aquilo que se passa no nosso coração?
Tratamo-nos como um pai negligente que não quer saber do que os filhos precisam, quando mais dar-lhes o seu tempo, que julga ser importante para outras coisas!
Abandonamo-nos e aceleramos para dar várias voltas ao mundo, sem consciência de que os nossos problemas estão a crescer a cada dia e ainda com mais força, quando os ignoramos. O valor da fatura a pagar vai aumentando e é com a vida que a havemos de pagar.
1 – O que me anda a preocupar?
2 – Do que me sinto grato?
3 – O que me entristece?
4 – Que cuidados me pede o meu corpo?
5 – O que decidi e fiz hoje por amor?
6 – O que ando a fazer mal?
7 – O que devo melhorar amanhã?
Dedica algum tempo a ti mesmo no final de cada dia. Como se falasses com um amigo resgata do teu dia o que importa pensar e sentir com mais tempo e verdade. Com coragem, vai arrancando os espinhos que trazes cravados nos pés… e que te magoam há já muito tempo.
Não deixes que o orgulho, sob a forma de preguiça ou medo, te impeça disso.