Comentário de D. António Couto à expressão de Jesus «Mulher, eis o teu filho! Eis a tua mãe!»
Lisboa, 15 abr 2025 (Ecclesia) – O bispo de Lamego considera que o facto de Jesus na Cruz tratar a Sua mãe por ‘mulher’ “não é uma palavra de advertência”, antes uma “palavra de ternura”.
“Trata-a por mulher porque está a ver aqui a mulher messiânica. Isto é, Sião, Jerusalém, que é mãe dos filhos de Deus, esposa de Deus, é esse conteúdo que Jesus está a dar”, disse D. António Couto.
O bispo de Lamego, especialista em Sagrada Escritura, comenta ao longo desta Semana Santa as Sete Palavras de Cristo na Cruz e, após ter analisado as expressões “Perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” e “Hoje estarás comigo no Paraíso”, reflete hoje sobre a frase de Cristo na Cruz “Mulher, eis o teu filho! Eis a tua mãe!», do evangelista João, no capítulo 19 e versículos 26 e 27.
“Esta mulher é mãe de todos os filhos de Deus, esposa de Deus, como vem em muitas das páginas belas dos profetas e do Antigo Testamento”, afirmou.
D. António Couto referiu que a forma como Cristo se dirige a Maria corresponde a uma “grande proximidade e deferência de Jesus para com a Sua mãe” e inaugura “um mundo novo”.
Citando um comentário de Orígenes, um teólogo e escritor do século III, a esta frase do evangelista João “Mulher, eis o teu filho! Eis a tua mãe!”, D. António Couto afirmou que quando Jesus diz a Maria “eis o teu filho” está a implicar cada um “como filho de Maria”.
O bispo de Lamego defende um “olhar muito abrangente”, como o de Jesus, para a mulher hoje e denuncia casos em que é “maltratada, desprezada, marginalizada, objetivada, feita um objeto”.
“O grande consumismo é transformarmos as pessoas em objetos. Não é tanto comprar coisas. O grande consumismo é nós comprarmos pessoas e depois deitá-las fora”, afirmou.
D. António Couto condena o facto de, na atualidade, a pessoa humana, “seja masculino, seja feminino, seja homem, seja mulher”, ser transformada em “objeto” que se pode comprar, e deixou um “apelo á natalidade”, lembrando que “é uma nota que também persegue a Bíblia inteira”.
“Acho que o mundo podia ser muito mais belo se nós fôssemos muito mais humanos, muito mais capazes de nos olharmos olhos nos olhos e de reconhecermos a beleza uns dos outros e a bondade uns dos outros, porque, às vezes, só vemos as coisas de forma enviesada”, afirmou.
Em cada dia da Semana Santa, D. António Couto comenta uma das Sete Palavras de Cristo na Cruz e, no programa Ecclesia de Sexta-feira Santa, na RTP2, partilha o essencial da análise bíblica de cada uma.
PR