Bispo de Lamego comenta a interrogação de Jesus «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?»
Lisboa, 16 abr 2025 (Ecclesia) – O bispo de Lamego, no comentário que fez para a Agência ECCLESIA das Sete Palavras de Cristo na Cruz, afirma a Cruz é a “maior obra de Deus” e “talvez o maior símbolo de cultura”.
“A cruz é um símbolo de cultura contra mim, talvez o maior símbolo de cultura que temos diante de nós”, afirmou o biblista.
D. António Couto afirma que a Cruz é uma revelação pública de que, por um lado, cada pessoa é responsável por “aquela crueldade, aquela violência, matando, assassinando Jesus” e, “ao mesmo tempo”, é expressão do “amor de Deus”.
“A Cruz é um espetáculo público. Não é sequer um objeto para a gente ter escondido em qualquer canto das igrejas, nem para cobrir com um pano. É um texto escrito que tem de estar sempre diante dos meus olhos porque eu aprendo sempre a ver lá coisas extremamente importantes”, sublinhou, valorizando a presença pública da cruz.
No comentário às Sete Palavras de Cristo na Cruz, nomeadamente à quarta palavra, D. António Couto referiu-se à expressão de Jesus “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?”, retirada do evangelista Marcos, no capítulo 15, versículo 34, referindo revela uma “acentuação ainda mais forte da ligação a Deus”.
O bispo de Lamego lembrou que a expressão “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” é o início do Salmo 22, o primeiro de 32 versículos, referindo que “Jesus rezou o salmo inteiro”.
“Se continuarmos a ler, o salmo tem diversas nuances e muda de tom diversas vezes e vai acabar num tom de confiança”, afirmou, acrescentando que o versículo 32 termina com a frase “Esta é a obra do Senhor”.
Qual esta? Esta, a Cruz, onde Jesus está crucificado”, indicou, referindo que a Cruz “é a maior obra do amor de Deus” por cada pessoa. É a máxima obra que Deus fez. Nem a criação, nem o êxodo, nem a travessia pelo deserto, nem a entrada na terra de Canaã, nem a vinda do exílio superam esta obra. Esta não é uma obra, é a obra. Esta é a obra de Deus no nosso mundo”.
D. António Couto referiu-se ainda à Cruz a partir da expressão de São Paulo, que diz tratar-se de “um texto escrito”.
“A Cruz é um texto escrito diante dos nossos olhos. Um texto fortíssimo”, afirmou.
O bispo de Lamego acrescentou que o primeiro passo é olhar para a Cruz e “ler o texto”, a segunda “é perceber”, alertando para o facto de alguns comentadores dizerem que que “é um texto escrito, mas a letra é quase ilegível”.
“Há um amor que me precede, que me acompanha sempre e nunca desista de mim. E esse é o amor que está expresso naquele texto escrito que é aquela Cruz, que é o amor de Deus”, afirmou.
Após ter comentado as expressões de Jesus “Perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34), “Hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43) e “Mulher, eis o teu filho! Eis a tua mãe!” (Jo19,26-27), D. António Couto analisa oi significado da interrogação de Cristo “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? (Mc 15,34)
No comentário às Sete Palavras de Cristo na Cruz, o bispo de Lamego vai refletir sobre as palavras “Tenho sede!” (Jo 19,28), “Tudo está consumado” (Jo 19,30) e “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46); no programa Ecclesia de Sexta-feira Santa, na RTP2, partilha o essencial da análise bíblica de cada uma.
PR
Sete Palavras de Cristo na Cruz
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