Serafina/Liberdade: Carlos Alves deixou a droga e agora quer deixar o bairro melhor e mostrar que «vale a pena lutar»

Morador integra o Grupo de Desenvolvimento Comunitário Liberdade-Serafina que promove a cidadania, a intervenção no espaço público e ajuda os mais vulneráveis

Lisboa, 18 nov 2023 (Ecclesia) – Carlos Alves, com 53 anos e um passado marcado pela adição a drogas, trabalha hoje para dar esperança às novas gerações do Bairro da Liberdade, em Campolide, Lisboa, através do Grupo de Desenvolvimento comunitário.

O Grupo de Desenvolvimento comunitário do Bairro da Liberdade -Serafina, no Patriarcado de Lisboa, promove a cidadania, ajuda os mais vulneráveis e fomenta a reflexão sobre intervenções no espaço público para melhorar as condições e a autoestima dos habitantes.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o morador do Bairro da Liberdade afirma que o objetivo era “pôr as pessoas a falar umas com as outras”, na “procura do bem-comum”, e conta que até foi treinador de futsal, também com esse objetivo.

“Obriguei-me a mim próprio a ser treinador, porque queria dar àqueles miúdos as mesmas oportunidades que eu via que os outros miúdos dos outros sítios tinham”, explica.

Carlos Alves afirma que quer fazer ver às crianças das escolas que o bairro da Liberdade e da Serafina, que acolheu o Papa Francisco por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, no mês de agosto, pode ser visitado “pelos melhores motivos e não pelos motivos de sempre”.

“Eu acho que eles aprenderam que vale a pena lutar”, afirmou o morador.

Mais tarde, Carlos apostou na formação que lhe foi útil no projeto de que agora desenvolve.

“Quando me deram a oportunidade, fui-me instruir, fui tentar perceber daquilo que falavam em relação às hortas e fui tirar um curso de agricultura urbana aos 40 anos”, conta.

Carlos é agora responsável pelo projeto de intervenção comunitária ‘Pensar Verde’, no Bairro da Liberdade, que consiste em transformar terreno baldio num espaço de hortas comunitárias.

No entanto, a vida do habitante do Bairro da Liberdade foi marcada por momentos que não trazem boas memórias, nomeadamente o consumo e o tráfico de droga na região de Lisboa.

“Eu vendi tanta droga em Lisboa, (…), seja onde for, como é que Deus me vai perdoar isto?”, recorda Carlos, que esteve numa Comunidade Evangélica, em Espanha, que o ajudou a reerguer.

“Na comunidade, eu vi Deus, o Deus real, o Deus que eu via que estava a tratar de uma pessoa, não porque aquela pessoa estava a dar em troca, mas só por amor, só por misericórdia”, recorda.

Após ter passado 10 anos a recuperar, Carlos Alves afirma que o sonho é “estar na presença de Deus” e “estar na companhia d’Ele quando morrer”.

“Eu passava mal nessa altura, porque via que estava curado, mas queria ser ‘usado’ (…) e foi quando eu aprendi que para ter o amor de Deus, é o tempo de Deus, não é o meu”, acrescentou.

O testemunho de Carlos Alves é transmitido no Programa 70×7, pelas 17h30, na RTP2, este domingo, em que a Igreja Católica assinala o Dia Mundial dos Pobres.

HM/LJ/OC/PR

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Agência ECCLESIA

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