Ser missionário é testemunho de alegria

Quatro experiências de missão com intervenção pastoral e na área da saúde são pilar na vida de jurista

Quatro vezes em missão, quatro experiências diferentes, o mesmo espírito. Fernanda Ramalhoto partilhou com a ECCLESIA a sua vida missionária, a partir dos projectos que integrou em Angola.

O ser missionária é algo que está no sangue desta jurista de 36 anos. “Tenho família que está ligada a grupos missionários e quando eles me falavam disso, houve um bichinho que foi crescendo”, recorda.

Em 1998 integrou o Grupo Diálogos, Leigos SVD para a Missão, uma congregação de missionários leigos que está ligado aos Missionários do Verbo Divino e às Missionárias do Espírito Santo.

“Qualquer pessoa que esteja ligada a um grupo deste tipo, vai sentindo, a pouco e pouco, essa vontade de partir” diz Fernanda Ramalhoto. E esse sentimento foi sendo construído numa caminhada de grupo.

Depois de se preparar, com formações dentro do seu movimento de leigos e na Fundação Evangelização e Culturas, Angola abriu-lhe as portas, e todo o processo de preparação foi facilitado “por uma pessoa que estava na origem da congregação e que já lá tinha estado dois anos”.

A primeira viagem para Angola, em Agosto de 2003, “foi um voltar às raízes, já que nasci lá”, revela, e “ir como missionária foi ainda mais especial”.

As primeiras expectativas, segundo Fernanda Ramalhoto, eram as de “ir ao encontro de um povo que vivia a sua fé de uma maneira muito alegre”.

Nesta primeira viagem seguiu integrada num grupo de 11 pessoas, e ficou em Kifangun, cidade dos arredores de Luanda.

A acção do projecto missionário passava por uma intervenção a nível pastoral, sobretudo junto de jovens e crianças, dar apoio à recuperação de valências como a igreja e o centro de saúde. No caso da estrutura médica, que estava sob a alçada dos Missionários do Verbo Divino, foi necessário reorganizar todo o complexo, desde a parte administrativa até à parte dos medicamentos e de material médico.

Um trabalho, muitas vezes, cheio de imprevistos, que “fazem parte de qualquer projecto missionário”, como destaca a jovem, acrescentando que “nem sempre se consegue pôr em prática aquilo que se planeou, temos de ser flexíveis”.

No que diz respeito às experiências que viveu, das quatro vezes que partiu para Angola, Fernanda Ramalhoto ressalva que foram sempre diferentes. No entanto, aponta aspectos que sempre a impressionaram da mesma forma: a falta de acesso aos direitos fundamentais, como a dignidade, bens essenciais, habitação, saneamento básico, água potável, roupas, a educação. “Continuam a existir muitas pessoas que não podem ir à escola, porque não têm ou não há escolas suficientes, há muitos adultos que não sabem ler”, realça.

A área da Saúde não está a ser cuidada da melhor forma, já que “muitas pessoas não têm acesso a cuidados básicos, têm de andar quilómetros e depois ficam muito tempo à espera”, lamenta a missionária.

Perante todas estas dificuldades, “cabe a nós, enquanto missionários, darmos um testemunho de alegria”, afirma.

Para tal, diz ainda Fernanda Ramalhoto, basta “tomar como exemplo a vivência deste povo, que apesar das muitas dificuldades, mostra-nos que é possível continuar a amar, é possível acreditar em Deus de uma forma estrondosa, vivendo a vida com alegria”.

Para todos aqueles que queiram realizar esta experiência de “partilha fraterna”, a missionária afirma ser essencial “partir de coração aberto, disponível para amar e ser amado, consciente de que é Cristo que nos chama a partir e a partilhar a nossa vida com os nossos irmãos. Deixem todos os problemas cá, partam no melhor de si mesmos”.

Este é um mote que reservou também para si mesma e que já começou a pôr em prática. Recentemente a jurista e missionária partiu para Angola pela quinta vez.

Esta e outras histórias vão estar semana estar em destaque no programa Ecclesia, na Antena 1, todos os dias às 22h45.

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