Senhoras de Fafe voltaram a encantar

Cumprindo a tradição, ontem, no dia maior das festas do concelho, a Senhora da Misericórdia encaminhou- se para Fafe, acompanhada de milhares de peregrinos, para visitar a Senhora das Dores. O encontro anual das ‘senhoras’ de Antime e de Fafe, na Ponte de S. José, tem um singular encanto que se exprime com fé e devoção. Alguns peregrinos fazem todo o percurso de pés descalços e nem o calor tórrido retirou fervor à festa religiosa. O povo de Fafe e arredores levantou-se cedo para assistir à missa em honra da Senhora da Misericórdia. Ontem, em Antime, o dia despontou entre o cumprimento de promessas e o agradecimento de graças. Manhã cedo, antes ainda do despontar do sol, milhares de fiéis, trazidos pela mão da senhora, aguardavam religiosamente o tempo de escutar a Palavra de Deus, que convidou ao seu cumprimento. A liturgia, presidida por D. António Santos, Bispo Auxiliar de Braga, exibiu o regresso de Jesus Cristo à sua terra. A passagem evidencia «um regresso permanente» de Cristo sempre que a sua palavra é anunciada nos países e nas terras do mundo. Porém, este país «berço do cristianismo ao longo de séculos» reclama uma urgência de regresso da prática e dos valores cristãos. «Hoje, também a Europa, Portugal e Espanha correm o risco de não reconhecer Jesus, nem as raízes cristãs deste continente», alertou o pontífice bracarense. Recordando as palavras de Santo Agostinho – «tenho medo que Jesus passe sem que eu me aperceba» –, D. António Santos garantiu que a melhor maneira de reconhecer Cristo e de os cristãos se aperceberem da sua presença é abeirarmo-nos e estarmos próximos da sua mãe. «Quem está junto da mãe está sempre perto de Jesus. Quem acompanha a Senhora da Misericórdia e a Senhora das Dores segue sempre o seu filho», afiançou, elogiando o dia de procissão, penitência e purificação vivido pelas gentes do concelho de Fafe. Preparado o coração, em momentos de romagem e consagração, para a festa religiosa da Senhora de Antime, à volta da qual os peregrinos se juntam em momentos permanentes de fé e fervor, o prelado bracarense qualificou ainda a jornada como «um dia de promessas e gestos, feitos de joelhos caídos em terra e corações em gratidão; sacrifício e valentia; de paz e de concórdia nas famílias » para apontar que o «pulsar» da festa religiosa «nos ensina o lugar, o valor e a missão de Maria na história da salvação e na vida da Igreja». Convidando os cristãos a reverem-se no exemplo da mãe de Jesus, o Bispo Auxiliar de Braga pediu também aos peregrinos presentes na eucaristia de Santa Maria de Antime que «não deixem Fafe perder a sua matriz cristã e as suas raízes de profunda, santa e arreigada devoção mariana». Notando a presença de Maria no caminho crente da população de Fafe, D. António Santos assegurou aos fiéis que «a Senhora da Misericórdia estará sempre como estrela e guia, como mãe e padroeira no horizonte do futuro da fé, da vida, do desenvolvimento, progresso, união e fraternidade desta terra e do concelho ». Assim, prosseguiu, a senhora estará «acalentando sonhos de famílias e de jovens, de idosos e doentes; bem como nos momentos de desemprego, de desânimo, pobreza, doença ou solidão». Envolvendo todos os fiéis e peregrinos, presentes igreja paroquial de Antime para viver intensamente o dia da festa do encontro das senhoras, o Bispo Auxiliar de Braga rogou ainda à Senhora da Misericórdia «saúde, conforto e bênção» para todos os peregrinos, idosos, famílias, jovens e crianças, bem como responsáveis e governantes. Como de costume, o povo acorreu à celebração religiosa em multidão. Milhares de fiéis, oriundos de toda a região, rompem a aurora, entre os primeiros raios de sol, para marcar presença no pequeno templo sagrado. Ontem, a «senhora e mãe», como lhe chamou D. António, voltou a marcar encontro com os seus filhos para lhes proporcionar um momento reconfortante no meio da peregrinação da sua vida, possibilitando a permanente regeneração interior. Assim, trazidos pela mão da Mãe da Misericórdia, os fiéis peregrinos acabaram convidados a regenerar a sua vida espiritual, a engrandecer a sua riqueza interior, assimilando, difundindo e praticando as mensagens da palavra divina.

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