Comissão Justiça e Paz da Diocese de Bragança-Miranda
Tu, que passas na rua, absorto pelas preocupações da vida, e te esqueces de olhar à tua volta;
Tu, que, muitas vezes, passas pelos abandonados e doentes e te esqueces de parar para oferecer ajuda;
Tu, que não precisas de te preocupar com as empresas que tiveram de fechar portas por causa da crise provocada pelo vírus SARS-CoV-2 e pela doença Covid-19;
Tu, que não queres saber quantos trabalhadores ficaram sem emprego e sem pão nos últimos 12 meses;
Tu, que achas que o Estado tem dinheiro para resolver todos os problemas humanos, económicos e sociais dos que não têm trabalho e dos que querem mas não podem trabalhar, ou por doença ou por velhice ou por falta de oportunidade;
Tu, que não ouves a mãe, ao teu lado, a chorar por não ter pão para dar aos filhos;
Tu, que achas que o pobre pedinte o é porque não quer trabalhar quando ele não sabe ter iniciativa e condições para trabalhar e não tem quem lhas ajude a criar;
Tu, que não conheces a angústia da mãe que não tem roupa para os filhos nem agasalhos para o Inverno;
Tu, que não queres saber do bullying que as crianças sofrem na Escola por andarem mal vestidas e não poderem falar dos seus haveres aos amigos;
Tu, que achas que os problemas dos outros não te dizem respeito e são da responsabilidade do Estado julgando não teres nada a ver com isso;
Tu, que foste sempre amado e não tiveste de te confrontar com as agruras da vida e os enfrentamentos dos outros;
Tu, que ouves e vês as notícias das desgraças e pensas que estas nunca virão ter contigo;
Tu, que como todas, todos e tods, ficaste atordoado com a ameaça do SARS-CoV-2;
Tu, que gostas tanto de ser amado e de receber lembranças no Natal;
Olha à tua volta e vê o pobre, o desempregado e o migrante que têm fome, a família que perdeu a habitação, o empresário que teve de despedir trabalhadores e fechar a empresa, o faminto que tem vergonha de pedir por outrora ter vivido em boas condições e ter estado bem incluído na sociedade e na economia;
Olha ainda à tua volta e vê também os deficientes, quase abandonados e quase nunca incluídos, os idosos e os sem-abrigo.
Pede ao SENHOR que abra os teus olhos para que vejas; para que identifiques situações problemáticas e que as tentes resolver junto de instituições de apoio social ou as comuniques às mesmas. E distribui as tuas compras por muitos para que ajudes o maior número possível de pessoas.
Por ti, por todas, todos e tods, pede a luz do amor e da fraternidade: “SENHOR, abre os olhos dele para que veja” (Eliseu, 2 Reis, 6:17).
E muito Feliz Natal apesar da pandemia que nos inquieta.