Seminaristas na primeira pessoa

Assinalando a celebração da semana dos seminários em Portugal, a Agência ECCLESIA foi ao encontro 4 seminaristas da diocese de Aveiro, para perceber o que, é afinal, fazer um percurso de preparação para o sacerdócio.

Vítor Cardoso é o mais velho dos quatro: apesar de ter 38 anos, o seminarista da Gafanha de Nossa Senhora do Carmo (Ílhavo) frisou que o seu caminho vocacional também tem “algumas curvas”. Trabalhou numa empresa durante 14 anos – antes de entrar no Seminário – mas “sentia que havia algo mais a ser descoberto”. “Havia um vazio” apesar da realização profissional e da presença dos amigos – refere.

Natural da paróquia de Canedo, Santa Maria da Feira (diocese do Porto), João Santos sempre esteve ligado à actividade pastoral na paróquia. No entanto – reconhece – que não sabe “se estaria no Seminário” se fosse estudar para outra cidade diferente. “Deus esteve sempre presente na minha vida, mesmo no meu percurso de formação académica”. E acrescenta: “acredito que Deus nos chama”.

No meio do chamamento existem ruídos “que tapam os ouvidos”. João Santos – citando um colega – diz que o ruído é “o som que ninguém quer” porque “Deus é uma voz que se manifesta, mas manifesta-se no silêncio”. Quando o ruído existe “deixa de haver silêncio e Deus não se pode escutar”.

Com 29 anos – nasceu a 23 de Fevereiro de 1981 – este seminarista vive e sente os momentos de silêncio na sua vida. “Eles foram surgindo, mais do que sendo eu a descobri-los foram os momentos de silêncio que me foram encontrando” e “fui conhecendo melhor o rosto de Deus”. Para João Santos a descoberta vocacional é “um ponto de chegada e um ponto de partida”. Neste caminho feito e a fazer “há uma descoberta pessoal e com Deus”. No fundo, este encontro é um momento intermédio entre “uma preparação e uma missão” – disse.

Da paróquia de Santa Eulália de Aguada de Cima (Arciprestado de Águeda), Leonel Abrantes concorda com o colega e acrescenta que a descoberta de “sermos chamados faz parte de um caminho e da história de Deus connosco”. Actualmente frequenta o 4º ano de Teologia, na Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa, todavia os bancos da Universidade não são uma novidade para ele, visto que já frequentou o curso de Engenharia Electrotécnica na Universidade de Trás-os-montes e Alto Douro.

Nesta liberdade de resposta ao apelo de Deus, Leonel Abrantes sublinha que “somos livres de responder de forma positiva ou negativa”. A descoberta diária é um caminho a desbravar. “É um caminho misto” porque “tem alturas em que é tudo muito claro e recto (quase estilo autoestrada)” e outros momentos onde as curvas abundam e a “estrada está quase a ser construída”. Na estrada vocacional – adianta o seminarista – “há túneis e pontes”.

O sorriso constante é uma das marcas do Pedro Barros. Depois de experiências em Moçambique e Angola e com uma licenciatura em Tecnologias de Informação e Comunicação pela Universidade de Aveiro, resolveu entrar no Seminário em 2007. Apesar deste percurso de vida, este seminarista confessa que já “teve alguns túneis” no trajecto vocacional. E recorda: “um desses túneis foi uma crise de fé” que durou quatro meses.

Junto aos seus colegas seminaristas confidenciou que não se deixou invadir pela escuridão desse túnel, “fui sempre procurando a luz”. Esta dinâmica levou-o a crescer. “É um sinal de desenvolvimento e de procura da luz que dá sentido à vida”. Quando se sente perdido, o seminarista da paróquia de Santa Joana Princesa (Aveiro) realça que não recorre ao GPS porque “já o encontrei”. E completa: “esse GPS é aquele que me faz, hoje, estar nesta caminhada, no seminário”.

O testemunho destes seminaristas vai estar em destaque no programa de Domingo da Igreja Católica na Antena 1, pelas 06h00 de 14 de Novembro.

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