Padre Vítor Novais considera que renovação de formação nos Seminários deve ser feita numa perspetiva sinodal
Lisboa, 07 nov 2024 (Ecclesia) – O reitor do Seminário Conciliar de São Pedro e São Paulo, da Arquidiocese de Braga, defendeu a renovação da formação nos Seminários, assinalando que não existe diferente forma de o fazer sem ser numa perspetiva sinodal.
“É muito importante que ela [renovação da formação nos seminários] aconteça, porque num mundo em evolução permanente a formação não pode viver de forma estática”, afirmou o padre Vítor Novais, em declarações à Agência Ecclesia esta quinta-feira.
A Igreja Católica em Portugal está a viver até domingo a Semana de Oração pelos Seminários 2024, que o reitor do Seminário de Conciliar de São Pedro e São Paulo, em Braga, espera que desafie a uma mudança neste âmbito.
Ainda assim, o padre Vítor Novais destaca que a formação de há 20 anos é “muito diferente” da de hoje, no entanto “as diferenças não podem ser apenas sentidas por quem forma”, mas também por aqueles que recebem os que formam.
“Quando nós, numa atitude sinodal, pudermos tomar consciência disso, a formação vai ser mais rica, certamente”, assegurou.
O reitor do Seminário Conciliar de São Pedro e São Paulo, em Braga, considera que a renovação da formação nos Seminários tem de ser feita numa perspetiva sinodal.
“Não pode haver forma diferente de o fazer”, refere, acrescentando que o Sínodo dos Bispos fala no “compromisso de uma Igreja diferente que todos, a partir da diferença, são chamados a edificar, porque essa é que é a Igreja sinodal”.
Sobre os obstáculos que se apresentam aos Seminários atualmente, o padre Vítor Novais abordou a diminuição das vocações ao sacerdócio, mas explicou que este é “só um dos desafios”.
“É importante que a formação tenha consciência que tem estes desafios e depois é também muito importante que a consciência da Igreja na integração dos novos padres sinta também que estes desafios não estão resolvidos, mas têm que ser assumidos de maneira diferente”, salientou.
O reitor da instituição considera que é “fundamental” o empenho de todos para o crescimento de vocações sacerdotais.
“Se calhar, a esperança que vivíamos até ao momento era aguardar que fossem aparecendo alguns e que, no seminário, o sr. bispo depois da formação nos enviasse. Os jovens e as comunidades estão a tomar consciência que não basta esperar dessa forma. A espera cristã remete para um compromisso de todos nesta causa”, advertiu.
Segundo o padre Vítor Novais, não basta aguardar, todos têm que se comprometer a que mais jovens cheguem ao Seminário.
‘Que posso eu esperar?’ (cf. Sl 39,8), e D. Vitorino Soares salienta que é “uma semana especial, onde todos” – comunidades, famílias e cada um pessoalmente -, “dá atenção a uma parcela da Igreja, que é imagem de um tempo e de uma nova realidade”.
“Que posso eu esperar?”, do livro dos Salmos, é o tema desta Semana de Oração pelos Seminários 2024, escolhido pela Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios (CEVM), da Conferência Episcopal Portuguesa. A esperança é, para o sacerdote, “das melhores atitudes” a encontrar. “Nós não vivemos angustiados, vivemos é nesta atitude de peregrino que acredita que vale a pena esperar, porque nós esperamos efetivamente deste modo confiante que é apenas uma mudança que nos é pedida”, indica. O padre Vítor Novais explica que a esperança de que o salmista fala “não é de quem espera apenas ou de quem fica a aguardar alguma coisa, mas de quem efetivamente se compromete com o presente” que “pode esperar o melhor para a sua vida, de outra forma seria sempre arriscado”. Este ano, os materiais de oração, divulgação e reflexão para a Igreja Católica viver e celebrar a Semana dos Seminários 2024, que se iniciou a 3 de novembro, foram elaborados pelos formadores dos seminários da Arquidiocese de Braga. O responsável fala que as sugestões que o Seminário Conciliar de São Pedro e São Paulo realizou são “concretizações de uma esperança que para ser cristã” tem que responder no presente, desde a oração, a reflexão e o compromisso de todos. “No fundo, aquilo que tivemos em mente a partir deste tema da esperança não é de uma espera que as coisas aconteçam, mas é de certa forma confiarmos, mas confiando, comprometendo-nos para que elas possam acontecer”, referiu. O padre Vítor Novais manifesta o desejo de que as comunidades cristãs, nos agentes de pastoral, “fossem capazes de olhar para a realidade do seminário não a partir de uma perspetiva demitida ou de uma comunidade que aguarda, mas de uma comunidade que se compromete a fazer de forma diferente. Olhar o seminário numa atitude comprometida”. |
LJ/OC