Acompanhamento dos padres vai continuar após a ordenação O novo reitor do Seminário Conciliar de Braga anunciou ontem que a instituição vai acompanhar de perto os sacerdotes no primeiro ano após a Ordenação. Este acompanhamento, informou o padre Vítor Novais, tem como objectivo «a integração [dos novos sacerdotes] no presbitério e o gosto pela formação permanente, que não deveria nunca terminar». A novidade foi apresentada na abertura solene do novo ano de actividades nos Seminários Arquidiocesanos, durante a qual o Arcebispo Primaz apelou para que não haja «saudade» de modelos ultrapassados. Com 40 seminaristas, dos quais seis são da diocese de Viana do Castelo, matriculados no presente ano lectivo, o Seminário Conciliar (Maior) de Braga tem uma nova equipa formadora. O mesmo se passa no Seminário Menor, agora sob a direcção do padre Avelino Amorim, que era pároco em Amares. No passado dia 23 de Setembro – durante uma missa celebrada na igreja de São Paulo e presidida pelo Arcebispo Primaz –, as novas equipas formadores dos Seminários de Braga foram apresentadas aos seminaristas e seus familiares. Ontem foi a vez de o padre Vítor Novais – que até Julho passado foi pároco em Vila Nova de Famalicão – apresentar o projecto educativo dos Seminários Arquidiocesanos para os próximos anos. Um projecto que resulta da «articulação de pensamento e de acção» com a equipa formadora do Seminário Menor e que pretende acompanhar os seminaristas até depois da Ordenação sacerdotal, o que, indo ao encontro do que recomenda a Igreja na abundante documentação sobre esta matéria, constitui uma novidade em Braga. «Com o estágio terminado», isto é, terminada a formação académica e já ordenado diácono – anunciou ontem o reitor do Seminário Conciliar de Braga –, «estão reunidas as condições para a Ordenação sacerdotal. No entanto, o papel do Seminário não finda aqui, pois cada neo- -presbítero durante o primeiro ano de Ordenação terá de frequentar uma vez por mês um dia de formação no Seminário. O objectivo é a integração no presbitério e o gosto pela formação permanente, que não deveria nunca terminar». Porque, justificou Vítor Novais, citando Amadeo Cencini, «sem a formação permanente há uma frustração permanente». Até à Ordenação sacerdotal, explicou também o novo reitor do Seminário Conciliar de Braga, em cada ano haverá um objectivo: integração (1.º ano), discernimento (2.º), peregrinação (3.º), purificação pela Palavra (4.º, ano em que os seminaristas são instituídos no ministério dos Leitores), serviço (5.º, ano que são instituídos Acólitos) e compromisso (6.º), em ordem ao diaconado, vivido no Seminário e numa ou várias paróquias. «O projecto educativo que pretendemos para o Seminário, mais do que um manual de regras, é uma proposta para os seminaristas experimentarem, no tríptico clássico da bondade, da beleza e da verdade, o encanto sempre renovado em seguir Cristo», explicou o padre Vítor Novais. Seminários Menores cumprem a sua função Na sua intervenção, o director do Seminário Menor disse que são três as propostas diferenciadas que a instituição «pode e quer oferecer» para aprofundar os sinais vocacionais: a frequência do Seminário, com aulas no Colégio diocesano D. Diogo de Sousa (este ano, estão matriculados apenas 18 adolescentes e jovens), o acompanhamento em Pré-Seminário e a participação em encontros de despertar vocacional. «Estes, que queremos realizar tanto no Seminário como nas comunidades paroquiais e arciprestados, destinar-se-ão àqueles adolescentes, preferencialmente em caminhada catequética, que manifestem disponibilidade em participar nestes encontros dinamizados pelo Seminário e direccionados para o despertar vocacional. Estes encontros acontecerão no âmbito das visitas das comunidades e grupos ao Seminário, e também nas visitas que o Seminário, sendo convidado ou fazendo- se convidar!, promova a nível paroquial ou arciprestal», informou o padre Avelino Amorim, segundo o qual o novo formato do “Voz de Esperança” é o «rosto mais visível» da união dos dois Seminários de Braga no mesmo projecto, embora com «justa autonomia». A existência dos seminários menores, posta em causa nos últimos anos, foi um dos aspectos tratados pelo padre Jorge Madureira na conferência que proferiu nesta sessão solene. Centrando- se no tema da Semana dos Seminários para este ano, “No Seminário cresce o futuro”, o secretário da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios defendeu que «os sinais precoces » de vocação ao sacerdócio e à vida consagrada «devem ser acompanhados com sabedoria e prudência» e informou que «os Pré-Seminários têm dado bons resultados». Vice-reitor de um seminário do Porto, Jorge Madureira defendeu ainda que «é preciso incentivar» a pastoral vocacional nas paróquias e nas escolas, alertando que o Seminário «já é frágil» por natureza, tornando-se «mais frágil» sem aqueles suportes. Diocese deve «estimar e amar» os Seminários A sessão solene de abertura do novo ano lectivo nos Seminários de Braga começou com a missa presidida pelo Arcebispo Primaz, durante a qual D. Jorge Ortiga falou das várias dimensões da formação dos seminaristas, e encerrou com duas perguntas aos mesmos, na sessão que teve lugar no auditório Vita do Seminário Menor: «Será que, de verdade, considerais o Seminário como um dom? Que fazeis, como compromisso real, para que ele se torne um dom para a Igreja e, nomeadamente, para a juventude?» Falando após a apresentação do novo projecto educativo para os Seminários de Braga, o Arcebispo Primaz apelou para que não haja «saudade» de modelos ultrapassados. «Cortar com a história é truncar a identidade de qualquer instituição», disse, mas «sentir-se integrado numa memória do Padre Vítor Novais, reitor do Seminário Conciliar, apresentou projecto educativo passado não significa saudade de modelos. Trata-se de uma interpelação para que saibamos ser Seminário de hoje e para hoje», acrescentou. Agradecendo o empenho de quem a ele dedicou parte da sua vida, D. Jorge Ortiga disse também que os Seminários, enquanto escolas, devem «impor-se à Arquidiocese para que esta o estime e ame». Para isso, «têm de ser um dom para todas as comunidades para que estas sejam, também, um “dom” que retribui em seminaristas e dádivas». Ainda segundo o Arcebispo de Braga, «necessitamos de regressar ao passado onde as famílias mostravam alegria em ter um filho sacerdote». Só assim, concluiu, a Arquidiocese terá «os padres que necessita com a qualidade que os tempos hodiernos esperam».