Seminário de Angra, 150 anos de existência

Foi no Concílio de Trento (1545-1563) que se estabeleceu a instituição de Seminários (Sessão XXV) no intuito de melhorar a formação do clero. Começaram a ser criados primeiramente em cada Província Eclesiástica e depois, em quase todas as circunscrições diocesanas. Todavia, só em 1862, isto é, 328 anos após a fundação da Diocese, começou a funcionar um Seminário nos Açores.

Já em 1788, D. Fr. José da Ave-Maria, à semelhança de outros prelados, havia pensado criar o Seminário no Colégio dos expulsos Jesuítas, mas nada se fez porque tal proposta foi rejeitada pelo governo.

Nas Bulas de Confirmação de D. Fr. Estevam, para bispo da diocese, o Papa Leão XII, manifestou o desejo de que ele fundasse um Seminário, conforme prescrevera o Concílio tridentino. E foi de facto este prelado que, embora muitos anos depois, teve a honra de ver estabelecido na Diocese, o Seminário. Foi aproveitado para tal fim o Convento de S. Francisco, cujas obras de adaptação levaram 2 anos a realizar.

A sua inauguração solene realizou-se a 9 de novembro de 1862. Teve lugar uma grande festa em honra de Nossa Senhora da Guia, titular do antigo convento, à qual assistiu o bispo diocesano e clero da Ilha. Só em 1864 é que o Seminário recebeu alunos internos.

No ano letivo 1908-1909, o Seminário não pôde ser frequentado, devido à peste que assaltou a Terceira. Só no fim do ano alguns alunos vieram fazer exames singulares de algumas disciplinas que tinham estudado em suas casas.

Apesar da proclamação da República em Portugal em 5 de Outubro de 1910, ainda continuou a funcionar o Seminário, no ano letivo de 1910-1911, sendo vice-reitor, desde o ano anterior, o cónego António de Araújo, que viera para Angra, como secretário do bispo D. José Cardoso Monteiro, que faleceu em junho de 1910. Mas, no princípio de outubro de 1911, em virtude de «Ordens superiores», o administrador do Concelho de Angra tomou conta das chaves do edifício.

No ano seguinte, alguns alunos abandonaram o curso, outros foram para suas famílias aguardar que os superiores resolvessem a questão.

De 1912-1914, esteve deportado em Ponta Delgada o vigário capitular, Reis Fisher. E, pensando na necessidade de um Seminário Diocesano, então tão mal instalado na Ilha Terceira, começou a inquirir de edifício, na Ilha de S. Miguel, onde pudesse ser montado o Seminário. Estava a aquisição quase decidida, quando recebeu do seu representante em Angra, e que estava também encarregado de procurar um prédio para o Seminário, um telegrama, anunciando-lhe a compra, na data de 2 de março de 1914, da casa do Barão do Ramalho.

Com pequenas adaptações, ali se estabeleceu pois, no ano letivo de 1914-1915, o internato, (porque a Lei não permitia que nos Açores, houvesse qualquer instituto com o nome de Seminário).

Com o aumento do número de alunos, D. Manuel Damasceno da Costa reconheceu a precariedade do edifício e com o parecer favorável do Cabido e Conselho Diocesano do Fundo do Culto comprou o solar do Conde da Praia, no alto da freguesia de Santa Luzia, em Angra, para nele se construir o Seminário, em melhores condições.

A antiga «Casa do Conde» foi depois demolida, para se aproveitar a pedra na obra de adaptação que, por autorização do bispo D. Guilherme, foi feita à Casa do Barão do Ramalho. O edifício manteve-se com a nova estrutura dos anos trinta, até 1980, ano em que um violento terramoto destruiu completamente a capela e arruinou, com fracas condições de habitabilidade, a zona de quartos, destinada aos alunos e também a destinada aos professores.

Foi então que o bispo D. Aurélio Granada Escudeiro, o ecónomo padre Laudalino da Câmara Moniz de Sá e toda a instituição empreenderam a obra de reconstrução do Seminário, tendo sido reabilitados os quartos dos seminaristas.

A inauguração, após a reconstrução, deu-se no ano de 1985. As comemorações dos 150 anos de existência vão iniciar-se esta sexta-feira, com uma missa na Sé de Angra, presidida pelo bispo local, D. António de Sousa Braga, seguindo-se um sarau cultural no Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.

No sábado, D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra, vai falar sobre ‘A formação eclesiástica nos Açores de 1534 a 1862’, seguindo-se a conferência ‘Da fundação do Seminário Episcopal de Angra à I República’, de Reis Leite.

Mais informações: http://www.seminarioangra.host56.com

 

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