Semana Santa: Tradições floridas, religiosas e culturais no Sardoal promovem coesão social

‘Projeto Capela’ envolve há 22 anos alunos do agrupamento de escolas, unindo gerações e promovendo a cultura local

Sardoal, 11 abr 2025 (Ecclesia) – António Borges, presidente da Câmara Municipal do Sardoal, diz que as celebrações da Semana Santa, são uma aposta da comunidade que encontra na tradição religiosa uma forma de fomentar a coesão social e a aproximação a novas gerações.

“Nós podemos ter duas atitudes perante as nossas tradições e história: uma atitude passiva de ver as coisas acontecerem e podemos ter uma atitude ativa, que é aquela que eu mais valorizo – estando dentro, construindo e ajudando também a construir”, indica o responsável à Agência ECCLESIA.

O município desenvolve com as escolas o Projeto Capela, há 22 anos, desafiando os alunos do agrupamento a realizar trabalhos alusivos aos tapetes de flores, que serão depois selecionados para uma exposição e um deles escolhido para ser elaborado no chão da Capela do Senhor dos Remédios, num trabalho “pedagógico” e de relação com a tradição.

“Hoje temos jovens com 30 anos, 25 anos, 26 anos, que já fizeram o seu desenho quando andavam na escola e já sentem esta tradição como deles porque participaram na altura, e hoje vão às diferentes capelas ajudar a fazer o tapete de flores. São raízes que temos que transmitir e enraizar nos nossos jovens como uma cultura muito importante da nossa terra”, valoriza.

O presidente da autarquia valoriza o investimento que “toda a comunidade” realiza, olhando para “as tradições, história, cultura e património material e espiritual” que, indica, “vai para além, muito para além, da fé e da religiosidade”.

“O profano existir neste enquadramento só é possível com enorme respeito pelo sagrado, porque o sagrado é a essência. As pessoas não têm todas que ir à missa rezar, não têm todas que ir às procissões, mas a Semana Santa é a essência, e para os sardoalenses vai mais além – é cultura, é tradição, mas é também fé e religiosidade. Tudo é feito com enorme respeito pela fé e religiosidade, porque temos essa consciência que no dia em que deixe de ser termina toda esta essência e então pomos em risco toda esta festa, todo este património e toda esta riqueza que tem séculos e séculos”, sublinha.

António Borges conta que os tapetes são feitos com flores naturais, com “aquilo que a primavera e a chuva dão”, e que no fim-de-semana anterior à sua elaboração “começa-se a ir ao campo perceber onde é que podem ir colher as flores”, que depois serão aplicadas os tapetes elaborados na noite de quinta-feira para que as igrejas possam abrir floridas.

O concelho do Sardoal criou o Centro de Interpretação da Semana Santa e do Património, apostando em oferecer a quem os visita em outras alturas do ano, a “importância” e aproximar-se das tradições.

“A aposta quis transformar estes recursos num produto de atratividade que possa ser visitado em todos os dias do ano, para poder perceber o que é que é a nossa Semana Santa, até chegamos ao ponto de, em outras alturas do ano, poder construir virtualmente, um tapete de flores”, assinala.

A Semana Santa de Sardoal foi incluída, em 2023, no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial por parte da Direção Geral do Património Cultura, um reconhecimento que António Borges indica ser uma valorização do trabalho de muitos.

“A classificação valoriza aquilo que muitos têm feito e que permitiram que aqui chegasse, que chegasse até hoje. Isto é tão importante. E é essa a nossa responsabilidade de receber aquilo que nos foi transmitido e entregá-lo às gerações futuras acrescentando-se sempre mais qualquer coisa”, explica.

O responsável regista que a Semana Santa testemunha o regresso à terra de muitos que vivem fora do conselho, sendo um momento de “encontro de amigos, de famílias e de partilha”.

A conversa com António Borges pode ser acompanhada no programa ECCLESIA, este sábado, na Antena 1, pelas 6h.

LS

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