Semana Santa: Quem quer chegar à festa tem de passar além da Quaresma

«As coisas boas da vida custam sempre um bocado mas depois compensam», diz padre Nuno Westwood

Oeiras, Lisboa, 03 abr 2012 (Ecclesia) – Atravessar as exigências penitenciais da Quaresma com os olhos voltados para a festa da Páscoa é a divisa que guia o padre Nuno Westwood desde a Quarta-feira de Cinzas, em fevereiro, até ao próximo domingo.

“A Quaresma é um tempo de esforço, paragem, estabelecimento de prioridades e revisão de vida, certamente com algum sacrifício porque nos temos de esvaziar de coisas que estão a mais”, referiu o pároco de São Julião da Barra, Oeiras, no Patriarcado de Lisboa.

No entanto, sublinha, “as coisas boas da vida custam sempre um bocado mas depois compensam”, até porque, explica, não se pode dizer que a Quaresma é um período que só olha à penitência.

“Todos os sacrifícios e toda a ascese são sempre oportunidades de fazermos festa porque são oportunidades de nos encontrarmos mais profundamente com Deus e com os outros. E isso é tão bom”, disse ao programa ECCLESIA na Antena 1 de 25 de março.

A intensificação da oração que caracteriza a Quaresma marca a espiritualidade do sacerdote de 40 anos, porque, realça, só é possível oferecer “uma experiência espiritual forte” se ela for pessoalmente assumida.

O membro dos Apóstolos de Santa Maria, comunidade fundada pelo monge cantor Frei Hermano da Câmara, espera chegar “reconciliado com Deus e com os irmãos” à Vigília Pascal, a mais importante das celebrações católicas, depois de “muita purificação que há sempre a fazer”.

Na paróquia, a dois passos de Lisboa, propõem-se mais tempos de adoração, organizam-se celebrações do sacramento da Penitência (confissão), promovem-se conferências e reforça-se a atenção aos mais carenciados.

“A comunidade monta um cabaz de alimentos, como faz no Natal, que é dado às 70 famílias que apoiamos semanalmente”, refere o sacerdote, que elogia a disponibilidade dos fiéis para atender às situações de necessidade.

Uma família, recorda, dirigiu-se recentemente à paróquia para pedir açúcar, com o objetivo de o juntar a uma chávena de água com uma rodela de limão, tudo o que podiam dado aos filhos na primeira refeição do dia.

O padre Nuno fez eco na internet deste caso e as ofertas de açúcar multiplicaram-se e chegaram para as outras famílias.

Na noite de Segunda-feira Santa realiza-se uma celebração penitencial e de reconciliação que atravessa a madrugada até não haver mais ninguém para ouvir e confessar.

A terça-feira é reservada à limpeza dos espaços interiores e exteriores da igreja, feita por voluntários, e na quinta-feira distribuem-se os cabazes de alimentos, enquanto que a Sexta-feira e Sábado Santos são sobretudo reservados para as celebrações litúrgicas.

O sacerdote diz-se “profundamente” marcado pela vivência “festiva” da Páscoa em Braga, onde frequentou o Seminário, mas chegado a Lisboa verificou que “as celebrações “não se distinguiam muito” das de outros domingos.

O religioso faz questão “de fazer uma enorme festa, sobretudo na Vigília Pascal”, procurando proporcionar uma liturgia “muito feliz, alegre e descontraída, mas ao mesmo tempo profunda”.

No fim da missa de Domingo de Páscoa as crianças recebem um balão com uma mensagem bíblica e à tarde realiza-se a visita pascal, costume “muito raro em Lisboa”: “O nosso Deus é festa. Por isso vamos pelas ruas a tocar o sino, a cantar e a anunciar a ressurreição de Cristo”.

PRE/RJM

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Agência ECCLESIA

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