«A morte não assusta; o matar todos os dias nas relações e na maneira de estar é que devia ser preocupante», alerta sacerdote jesuíta
Lisboa, 01 abr 2021 (Ecclesia) – O padre Vasco Pinto de Magalhães afirmou que a Páscoa “é o processo contínuo da vida” e que os cristãos não devem separar a Quaresma da celebração da ressurreição.
“A Páscoa é o processo contínuo da vida. O caminho para a terra prometida, de dores de parto. Este é o paradigma da vida, que não separa a Quaresma da Páscoa, não separa a morte da vida nova, o nascer de novo”, refere o padre jesuíta à Agência ECCLESIA.
Entender o caminho da Páscoa como o caminho de todos os dias é assumir que se está em “transformação”.
“O processo que floresce, que vem à luz, entendemos que termina, mas já lá está. Estamos nesse processo de transformação, todos os dias. Isto dá um outro olhar, (um olhar) que nem entra em euforia porque agora corre bem, nem entra em pessimismo porque há uma injustiça”, acrescenta.
O padre jesuíta lamenta que se mantenha a ideia “assustadora sobre a morte” quando na realidade “o matar todos os dias” é que deveria “ser preocupante”.
“Há muita coisa de mortal na nossa maneira de estar, nas relações. Nós assustamo-nos muito com a morte mas devíamos assustar-nos com o matar. E andamos a matar uns aos outros, às vezes. Com maledicência, inveja, mentira, corrupção. Isso é que nos tira vida. A morte não tira a vida, é o processo de transformação”, sublinha.
A Semana Santa que os cristãos estão a celebrar, assim se designa, porque, indica o sacerdote, “transmite uma fortaleza e uma visão do mundo que garante futuro” e assim deveria ser “a pregação” destes dias.
“Nesse sentido, só pode ser uma semana alegre, da verdadeira alegria. Não é o estar contente, o estar satisfeito, é a bem-aventurança. E a alegria está nas bem-aventuranças que indicam que há futuro, é o que significa a palavra”, evidencia.
Ao longo da Semana Santa, a Agência ECCLESIA propõe pequenas reflexões do padre Vasco Pinto de Magalhães para encontrar a alegria nestes dias a partir dos gestos de Jesus.
LS