Semana Santa: Procissões e ritos tradicionais estão a ser substituídos por «viagens e feriados», diz Zita Seabra

A antiga deputada, atualmente à frente da editora Alêtheia, revela como consegue preservar «a festa mais importante» da sua memória familiar

Lisboa, 03 abr 2012 (Ecclesia) – As procissões e ritos tradicionais que compõem a Semana Santa fazem parte de um legado cultural e religioso que permite “chegar” ao mistério pascal mas que “infelizmente” tende a “desaparecer”, considera a editora Zita Seabra.

Em entrevista à ECCLESIA, a poucos dias de revisitar a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, a antiga deputada, atualmente à frente das publicações Alêtheia, lamenta que aquelas manifestações estejam a entrar em desuso “em muitas terras portuguesas”, substituídas por “coisas tontas, como viagens e feriados”.

Para aquela responsável, este fenómeno “leva muitas vezes” a sociedade a “esquecer porque é que acontece aquele calendário”.

A luta pela preservação da “festa mais importante” da sua memória familiar leva todos os anos Zita Seabra a passar pela vila de Óbidos, na região oeste da Diocese de Lisboa.

Dentro daquela localidade histórica, quem sabe protegido pelas muralhas que envolvem toda a povoação, o espírito pascal permanece vivo através de acontecimentos como a “Procissão dos Passos”, que marca o ritmo litúrgico do Domingo de Ramos.

Este ano, depois da missa, milhares de fiéis percorreram as ruas de Óbidos, cobertas de oliveira, alecrim, rosmaninho, para recriarem os passos de Jesus a caminho do Calvário, armado na Igreja da Misericórdia.

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A editora da Alêtheia destaca também “a procissão mais solene, do Senhor Morto”, um momento “sempre muito tocante” que vai preencher a noite de Sexta-feira Santa.

A caminhada “é feita com archotes, com a banda dos Bombeiros Voluntários à frente do povo”, que “acorre” em massa, “não só para ver mas também para participar”, realça.

Mais ou menos teatralizadas, estas iniciativas “são lições importantes” para que as comunidades “percebam o que estão a viver”, sobretudo “as crianças e os jovens”, sustenta Zita Seabra, que recorda o que acontecia “no século XIX e mais para trás”, em que “muitas pessoas não sabiam ler”.

Naquela época, aponta a editora, “a teatralização era uma forma de leitura dos evangelhos e portanto as pessoas compreendiam melhor o que se estava a passar”.

A Semana Santa (também denominada Semana Maior), a última da Quaresma, termina com o Tríduo Pascal, que inclui as celebrações evocativas das seguintes narrativas bíblicas referentes a Jesus: última ceia (Quinta-feira Santa), morte (Sexta-feira Santa) e ressurreição (Vigília Pascal e missa do Domingo de Páscoa).

PRE/JCP

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Agência ECCLESIA

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