Padre Diamantino Alvaíde, coordenador da pastoral da diocese de Lamego, traduz dias «de alegria extraordinária» que devem ser aproveitados pela Igreja para anúncio «essencialíssimo nos tempos que correm»

Lamego, 19 abr 2025 (Ecclesia) – O padre Diamantino Alvaíde disse que as celebrações pascais, que acompanham o regresso à terra de pessoas que estão fora, são “ocasião de evangelização extraordinariamente forte” e “pastoralmente desafiante”, que vai ao encontro da sede que apresentam.
“A prática religiosa nem sempre evidencia esta marca que fica e que se torna uma herança que eles levam para onde quer que vão. Estas pessoas levam para os destinos onde se encontram, uma herança que não abandonaram. E é uma marca, de facto, é uma identidade de que eles não se desfazem e da qual não se querem desprender; continuam a usar dela e a usufruir dela e a fazê-la notar nestas ocasiões particularmente. Mesmo que durante o ano não tenha uma prática dominical, nestas alturas do ano e particularmente na Páscoa fazem-no notar”, assinala à Agência ECCLESIA, o coordenador da pastoral na diocese de Lamego.
O padre Diamantino sugere que nos dias das celebrações, “as pessoas reveem toda a sua vida” e antecipam uma “eternidade” na qual nem sempre acreditam ou expressam publicamente.
Em terras “bastante despovoadas”, um “aumento significativo durante três, quatro ou cinco dias é significativo nas aldeias e vilas”, e torna-se uma ocasião “pastoralmente desafiante” para comunidades e padres que deve ser valorizada.
“As pessoas percebem e talvez se revejam naquela espiritualidade própria do tríduo pascal uma vivência forte e séria que as faz vir, que as faz estar, que as faz experimentar uma participação religiosa que durante o ano não acontece. Isto é muito interessante e pastoralmente para nós é também desafiante, naturalmente, se não for aproveitado perdemos mais um ano”, sublinha.
O responsável dá conta de dias de uma “alegria extraordinária, uma luz que é indizível” no dia de Páscoa, antecedidos de “momentos e vivências” com uma “espiritualidade própria em redor do sofrimento de nosso Senhor Jesus Cristo que consegue tocar um bocadinho mais fundo as pessoas”.
“Uma das celebrações muito participada é o Domingo de Ramos e depois a celebração da Quinta-feira Santa e da Sexta-feira Santa, todos os momentos que se vivem de cada um dos passos do sofrimento de nosso Senhor Jesus Cristo e de sua mãe, que acompanha o filho até ao Calvário, são momentos muito tocantes e muito profundos e as pessoas vêm muito por isso mesmo”, traduz.
O padre Diamantino Alvaíde assinala que em Lamego a alegria se evidencia na visita pascal que acontece, sobretudo, durante o Domingo e Segunda-feira de Páscoa, ocasião de reuniões festivas entre “famílias, amigos e vizinhos” e “laços que se vão fortalecendo nos ritos do anúncio da ressurreição”.
“No Domingo de Páscoa há um número muitíssimo alargado de paróquias, já não são só os padres que fazem, já há muitos leigos a organizar e a fazer a visita pascal. Vamos a casa de toda a gente e é uma festa, uma coisa extraordinariamente bela, com as pessoas de casa em casa”, evidencia.
O compasso faz-se anunciar por campainhas que vão tocando à frente do grupo que leva uma cruz enfeitada e que anuncia a ressurreição: “A cruz sempre muitíssimo bem ornamentada a nível floral. Cada paróquia e cada grupo esmera-se o mais que pode para que a cruz vá ornamentada o mais belo possível. E depois são efetivamente as ruas preparadas com flores e colchas brancas nas janelas e varandas, expressão da luminosidade da ressurreição”, traduz.
O coordenador da pastoral de Lamego reconhece que o anúncio da ressurreição é “essencialíssimo nos tempos que correm”.
“Parece-me essencialíssimo que nós façamos esse anúncio com mais vigor, com mais veemência, com mais ardor, com mais convicção. Os tempos que correm são tempos um bocadinho conturbados e quando nós anunciamos a esperança percebemos que há muito desespero nas famílias, há muito desespero nas pessoas, estamos num território despovoado onde as pessoas já passam uma parte significativa do ano sozinhas, onde as mortes são em muito maior número que os nascimentos, e portanto tudo isto causa um ambiente um bocadinho já depressivo. É urgente que se anuncie a ressurreição, é urgente que se testemunhe a alegria daquilo que a ressurreição nos traz”, finaliza.
A conversa com o padre Diamantino Alvaíde está disponível no programa ECCLESIA, emitido este sábado na Antena 1.
PR/LS