D. Manuel Clemente sustenta que a celebração da Páscoa ultrapassa tradições e ritos
Lisboa, 21 mar 2016 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa pediu aos católicos que vivam a Semana Santa, a mais importante do calendário litúrgico, com atenção ao essencial das celebrações, sem se distraírem com “coisas acessórias e até dispensáveis”.
“A novidade desta semana, sempre reencontrada, está em superar todo o tempo, mesmo que marcado pelo primeiro plenilúnio de cada primavera. A novidade que experimentaremos é ser definitiva há dois milénios, incluindo-nos já naquele dia sem ocaso da Páscoa do Senhor Jesus. Só por isso a semana é ‘santa’”, disse D. Manuel Clemente, na homilia da Missa de Domingo de Ramos, a que presidiu na Sé de Lisboa.
O cardeal português sublinhou que durante os dias que levam à celebração da Páscoa, evocando os momentos do julgamento, morte e ressurreição de Jesus, se ouve falar muitas vezes de “coisas acessórias e até dispensáveis, como amêndoas, folares e culinária da época”.
“Voltaremos às idas à terra, aos usos e costumes, mais ou menos pascais, mais ou menos convertidos. Voltaremos até a ouvir falar de ritos pagãos e primaveris, passados ou supostos. Com tudo isto se encherão páginas e notícias, como se por si bastassem, ou justificassem os próximos dias”, observou.
Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, estas referências “não bastam” para explicar a importância da Páscoa.
“Por antiqualhas que fossem, não chegariam até nós com a frescura original que esta semana contém e oferece, assim a aceitemos de verdade. Só por isso a acolhemos inteira e autêntica”, sustentou.
D. Manuel Clemente convidou os fiéis a manter-se “sob o olhar forte de Cristo”, sem distrações, citando, a este respeito, um verso de Sophia de Mello Breyner Andresen: “Só o olhar daqueles que escolheste nos dá o Teu sinal entre os fantasmas”.
O cardeal-patriarca sublinhou, a este respeito, que Jesus “olha pelos olhos dos outros”: “Quando nos pede de comer ou beber, quando nos pede agasalho ou abrigo, quando nos pede cuidado ou visita”.
“Deixemos que um olhar nos refaça, o de Jesus apenas. Regressemos com Pedro ao olhar de Jesus. Para que rebrilhe em nós e a vida recomece”, concluiu.
OC