Semana Santa: Braga alia dimensão «mais celebrativa e sobretudo litúrgica» a uma programação cultural «muito significativa»

«A cultura, sobretudo nas exposições, nos concertos e entre outras abordagens, tem sempre um lugar muito importante», afirmou o cónego Avelino Amorim

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Braga, 11 abr 2025 (Ecclesia) – A Comissão da Quaresma e das Solenidades da Semana Santa de Braga propõe um programa religioso para estes tempos litúrgicos da Igreja e o programa de “dimensão cultural tem uma presença muito significativa”, destinando-se a todos os públicos.

“Nós, em Braga, conservamos, como todos certamente, esta dimensão mais celebrativa e sobretudo litúrgica desta Semana Maior da vida da Igreja, mas, desde há umas décadas, que a dimensão cultural tem uma presença muito significativa também na nossa programação”, disse o presidente da Comissão da Quaresma e das Solenidades da Semana Santa de Braga em entrevista à Agência ECCLESIA.

Segundo o cónego Avelino Amorim, a cultura inspira-se muito no tríduo que a Igreja Católica vai celebrar e, na Arquidiocese de Braga, encontraram “aquilo que é o aportamento de quem constrói a arte, que no fundo é mais do que um fazedor de cultura ou de arte”, e partilha nos seus trabalhos “a sua perspetiva, a sua visão, a sua meditação, do próprio Ministério Pascal”.

O sacerdote da Arquidiocese de Braga explicou que as exposições são “uma porta aberta” para quem, não sendo crente “ou num primeiro momento não se sinta tão identificado com a Igreja”, mas tem a ligação à abordagem cultural que “permite também este anúncio, este sentido da boa notícia”.

A Comissão da Quaresma e das Solenidades da Semana Santa de Braga tem, no seu programa religioso e cultural, exposições de pessoas que se afirmam “como não crentes”, nomeadamente o artista italiano Giancarlo Pavanello, “que se afirma como agnóstico”, e “ousou construir e pintar a Via Sacra do Logos”, a convite de um sacerdote de Braga.

“Tivemos também o contributo, no contexto desta exposição, de Pedro Abrunhosa, que se inspirou em três melodias, e é um trabalho que estamos a desenvolver. Portanto, acabamos por chegar, pelo menos àqueles que consideram Jesus Cristo um homem inspirador, não apenas para a sua arte, mas para o seu sentido, para o seu conceito de vida também”, desenvolveu.

As procissões são características deste tempo em Braga, o presidente da Comissão da Quaresma e das Solenidades da Semana Santa explica que são “uma catequese ao vivo”, sobretudo porque em cada um dos dias, “as procissões têm uma ligação muito grande com a liturgia e com o mistério celebrado”, e começam já neste Domingo de Ramos, dia 13 de abril.

”Nós lemos o relato da paixão na Eucaristia, e na procissão da tarde encontramos todos os passos representados. Portanto, é uma catequese a céu aberto que chega de uma forma muito intensa a milhares de pessoas. O mesmo se verifica na Quinta-feira Santa, onde celebramos sobretudo a prisão e o julgamento de Jesus, e temos a procissão do ‘Sr. Ecce Homo’”, desenvolveu o cónego Avelino Amorim, acrescentando ainda que, em Sexta-feira Santa, um “terceiro grande momento” é a procissão do enterro do Senhor.

Destaque ainda para a “conhecida ‘Procissão da Burrinha’”, que é “mais um cortejo bíblico”, na Quarta-feira Santa, este ano dia 16, que evoca “toda a história da salvação, todo o Antigo Testamento, e a primeira parte da vida de Jesus até à vida pública”.

“Tudo isto são quadros que nos permitem meditar e encontrar-nos com o mistério celebrado a cada um dos dias”, realçou o sacerdote da Arquidiocese de Braga.

Na Semana Santa de Braga destaca-se também a figura do ‘farricoco’ a acompanhar algumas procissões, “o maior ícone”, que teve um contributo, “sobretudo, em tempos idos ou ao longo da história”, e significa a dimensão da penitência, da conversão, da mudança de vida, e tinha “diversas funções, também o chamar os irmãos para as celebrações e, sobretudo, para as procissões”.

O presidente da Comissão da Quaresma e das Solenidades da Semana Santa de Braga destacou que a cultura, sobretudo nas exposições, nos concertos, e entre outras abordagens que procuram fazer, “tem sempre um lugar muito importante”.

Destaca-se a exposição em homenagem ao artista bracarense José Veiga, que durante décadas elaborou os cartazes da Semana Santa.

HM/CB/PR

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