«Século XXI parece ser o tempo das vidas paralelas», realça D. Jorge Ortiga
Braga, 02 abr 2015 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga criticou esta Quinta-feira Santa, na Sé local, a “iliteracia emocional” e a “insensibilidade” que marca a sociedade e que segundo o próprio atingiu já “patamares chocantes”.
“Os meios de comunicação social informam-nos diariamente sobre o estado do país e sobre a realidade do mundo. Mas, curiosamente, não sabemos o que se passa ao nosso lado, no nosso bairro, no nosso prédio. Sabemos o nome das personalidades públicas, mas desconhecemos o nome do vizinho, ao lado do qual moramos há 10 anos”, afirmou.
Para D. Jorge Ortiga, “o século XXI parece ser o tempo das vidas paralelas” e a sociedade, de “tão absorvida com os seus afazeres” esquece-se “que a vida deve ser vivida em plenitude”.
Segundo o prelado bracarense, hoje “corre-se sem saber bem para onde e não há tempo para criar proximidade nem detectar necessidades evidentes ou problemas ocultos”.
Conjuntura que é devida a uma “atitude egoísta de indiferença” que para aquele responsável católico é a “grande doença” a combater, sobretudo com “misericórdia”.
Na sua homilia, enviada à Agência ECCLESIA, D. Jorge Ortiga, que é também presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, enunciou “duas obras de misericórdia” que devem merecer atenção, “dar de comer a quem tem fome” e “dar bons conselhos”.
Sobre a primeira, o arcebispo salientou que “a fome não permite desculpas” e que “hoje, mais do que nunca” é preciso “apostar numa reflexão séria sobras as suas causas”.
“Urge lançar as bases de um mundo fraterno onde cada um luta e trabalha para ter uma vida digna, sempre com o braço amigo de uma Igreja diocesana solícita e atenta. Trabalhemos de mãos dadas”, exortou.
Quando à segunda obra de misericórdia que evidenciou, lembrou que “para Jesus” essa missão “não consistiu num discurso moralista de reprimenda ou de condenação”, nem tão pouco de superioridade.
“Infelizmente não faltam conselheiros com interesses ocultos. Aconselhar é uma arte sapiencial que exige uma humildade incomensurável. Nenhum conselheiro é omnisciente e domina todos os contornos da realidade”, complementou.
JCP