Braga, 03 abr 2015 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga recordou as muitas pessoas que não se consegue “alcançar” e se sentem “a mergulhar numa espiral destrutiva”, os “marginalizados da sociedade”, esta tarde na Sé catedral.
“Umas vezes fruto de circunstâncias adversas, como o desemprego, ou de não terem encontrado apoio humano em momentos fraturantes, como na velhice ou na doença. Outras vezes porque se deixam guiar por impulsos que os conduzem fatalmente ao consumo da droga, álcool e tantas outras dependências”, explicou D. Jorge Ortiga, na celebração da Adoração da Cruz.
Na homilia enviada à Agência ECCLESIA, o prelado alerta que o abandono e os sintomas de morte “denunciam as contradições” da sociedade de um país desenvolvido conhecido pela “excelência da investigação científica, do mundo das comunicações globais”.
“Ainda assim, assistimos, perplexos, a casos de fome, de abandono e a desigualdades sociais”, frisou, observando que na adoração da cruz recordam “com sofreguidão” as pessoas descartadas e colocadas à margem de “uma vida autêntica”.
O prelado, que é também presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, considera que não se pode “baixar os braços diante de qualquer drama humano”.
“Queremos e trabalhamos para um mundo novo. Pode parecer difícil mas não é impossível”, acrescentou esta tarde na Sé de Braga.
Neste contexto, D. Jorge Ortiga dirigiu-se aos agentes da pastoral social e pediu “reorientem” os seus trabalhos para “potenciarem uma atitude vocacional” em detrimento de outra de tipo laboral.
Por sua vez, aos profissionais da área social e da saúde disse que acredita que a sua “generosidade e sacrifício” pode dar sentido a muitas vidas e aos voluntários que “cruzem as suas vidas” com a dos abandonados, dos toxicodependentes, dos desempregados.
“Os voluntários e agentes da pastoral social podem ser, neste sentido, os santos dos tempos modernos”, assinalou o arcebispo de Braga que lhes “confia” duas obras de misericórdia: “Sepultar os mortos e rezar a Deus por vivos e defuntos”.
Na celebração da Adoração da Cruz, o responsável religioso acrescentou ainda que para além do que se pode fazer para vencer “as mortes” na sociedade contemporânea “só a oração” consegue ultrapassar “muitos impasses humanos”.
“O dever de rezar pelos vivos e pelos mortos deve estar presente nas nossas intenções”, apelou D. Jorge Ortiga.
CB