Bispo de Lamego considera que ninguém fica indiferente se «ousa» colocar-se diante do crucificado
Lisboa, 03 abr 2015 (Ecclesia) – D. António Couto disse à Agência ECCLESIA que a cruz de Jesus é um “dado cultural” e um elemento de “extrema importância” para uma mudança civilizacional, referindo que “enfrentar a cruz é um ato de coragem”.
Para o bispo de Lamego, investigador e professor de Sagrada Escritura, a cruz tem um significado “muito para além do cristianismo”, e pode “atingir qualquer coração humano” que “ouse” colocar-se diante dela, “não durante cinco minutos, mas durante bastante tempo”.
“Quando qualquer pessoa honesta, sem máscara e bem-intencionada, se coloca diante da cruz, vai ser tocada por diversos elementos pessoais, que estão dentro dela, e também pelo amor excessivo e subversivo de Deus, que subverte o que há de pior dentro de mim”, afirma o bispo de Lamego no programa Ecclesia de Sexta-feira Santa.
D. António Couto sustenta que “quem olha para aquela cruz e para as cruzes de hoje” tem de se aperceber que as “vidas completamente massacradas” da atualidade têm na sua origem “a violência, o mal, a estupidez” de cada pessoa.
“Este é um ato sério, cultural, com o qual o mundo de hoje, seja crente ou não, tem de se enfrentar, sem medos”, defende.
“A cruz de Jesus que está exposta diante de nós, nas igrejas, nos cemitérios e estava em lugares públicos e hoje desapareceu de alguns deles, é um elemento cultural de extrema importância que vale para toda a gente”, refere D. António Couto.
Para o biblista, o facto de terem mandado retirar as cruzes de espaços públicos é porque “provavelmente incomodavam”.
“Enfrentar a cruz é um ato de coragem, porque me vai desvendar. Por outro lado é um ato de suprema humanidade e divindade, porque é perceber que Deus desce a este meu mundo não para se ir já embora, mas para o abraçar e o mudar. Ele veio para mudar o meu coração”, disse o bispo de Lamego.
D. António Couto é o convidado do programa Ecclesia deste Sexta-feira Santa, onde analisa as narrações da paixão e morte de Cristo; depois, na segunda-feira de Páscoa, o tema da ressurreição e da “vida nova” motivam o diálogo com o bispo de Lamego no programa que é emitido na RTP2, às 15h30.
PR