Responsáveis católicos alertam para situações «alarmantes»
Lisboa, 03 mar 2012 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social considera que a semana nacional da Cáritas, que se inicia este domingo, deve promover um novo olhar sobre “graves situações de desencanto e de rutura verdadeiramente alarmantes”.
“Muitas famílias de todas as idades, particularmente as suas crianças, não conseguem prover às suas necessidades básicas”, alerta D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, na sua mensagem para esta celebração, que tem este ano como tema ‘Edificar o bem comum – tarefa de todos e de cada um’.
Os últimos dados revelados pela Cáritas mostram que a organização católica recebeu em 2011 mais de 250 pedidos de ajuda por dia, ou seja, mais de 93 mil casos, envolvendo famílias carenciadas, pessoas desempregadas, ou em situação de doença, pobreza e exclusão social.
Os registos referem dados de 13 das 20 dioceses portuguesas, indicando que “mais de 38 mil famílias solicitaram apoio à instituição”, com um aumento das “situações de emergência social” na ordem dos 40%, número que aumentou “consideravelmente nos últimos meses de 2011”, segundo a Cáritas.
Para o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, esta situação exige “um caminho diferente do passado, optando claramente pelo bem comum”, sem perder de vista “o destino universal dos bens do mundo”.
Essa resposta, assinala, deve fazer face a um “crescente desemprego” que gera e agrava “ambientes amargos nas famílias e na sociedade”, bem como ao “isolamento dos idosos”, que conduz à solidão extrema “na própria morte”.
“A solidariedade mais profunda radica em cada pessoa e em toda sociedade, nas suas múltiplas relações de corresponsabilidade, começando pelas relações de proximidade”, observa o arcebispo de Braga.
D. Jorge Ortiga acrescenta que as comunidades devem ser formadas para uma “cultura de responsabilidade pelos outros”: “Ninguém é estranho na vida do cristão e muitos problemas deixariam de existir se as respostas acontecessem em termos de proximidade”.
Sobre a Cáritas, o prelado refere que esta tem, diante de si, uma “responsabilidade enorme de ação e animação para a resposta imediata, e de fundo, a problemas inadiáveis”.
“Que este ano de austeridade gere uma maior consciencialização pelo bem comum, com a vontade expressa de o edificar quotidianamente e em todos os lugares, por todos e por cada um”, conclui a mensagem.
A Cáritas Portuguesa é uma instituição oficial da Conferência Episcopal Portuguesa, vocacionada para a promoção e dinamização da ação social da Igreja, constituída por 20 Cáritas Diocesanas e grupos locais de atuação de proximidade, com a colaboração de profissionais e voluntários.
OC