Indecisões e certezas marcam vida de religiosa pertencente à congregação das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora
Lisboa, 02 Fev (Ecclesia) – Na véspera de entrar no colégio onde iria aprofundar a possibilidade de se consagrar para sempre à vida religiosa, Maria Lúcia recebeu a visita de um pretendente.
Na conversa que teve com os pais da jovem, o rapaz mostrou-se desapontado com a possibilidade de a filha deles, então com 15 anos, “ir para freira”: “Que mal empregada ela é…”, lamentou.
“Aos 13 anos já tinha rapazes à volta de mim”, recorda Maria Lúcia, que naquele dia se sentiu dividida: “Ele já tinha dito que gostava muito de mim. E eu estava a sentir um ‘cliquezito’ e quis vê-lo mais uma vez”.
Mas um impulso interior disse-lhe: “Não vais, se não é pior”, lembra a religiosa sexagenária que se deixou inspirar pela vida do fundador da Ordem Franciscana e de outras famílias religiosas baseadas na sua espiritualidade.
“Ouvia falar em São Francisco de Assis, um homem muito rico que deixou tudo e gostava de ser tudo para todos. E eu também queria ser assim”, contou à ECCLESIA a actual directora do Colégio de Lourdes, em Santo Tirso, distrito do Porto.
À imagem de outras ordens religiosas católicas, a espiritualidade das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora, congregação a que Maria Lúcia pertence, revela-se através das vestes.
“Aquilo que eu sou com o hábito, tenho obrigação de ser por opção de vida”, sublinha a religiosa, que dá como exemplo o véu, “um dos sinais da modéstia, recato, abnegação e doação do coração a Deus”.
O cumprimento da vontade divina e das determinações da Igreja, que se manifestam na sujeição às superioras, comanda a vida dos consagrados: Maria Lúcia gosta de música – é formada em piano e canto, além de ser profissionalizada – mas teve de colocar essa paixão em segundo plano.
“A congregação tem-me pedido, ao longo de quase 30 anos, para eu tocar outras coisas: pedagogia do ensino, obediência, administração de casas…”, refere a consagrada, que depois de deixar o colégio – se lho permitirem – gostaria de escrever sobre o crescimento humano desde o nascimento até aos 18 anos.
A entrevista da religiosa, que vai hoje para o ar às 23h45 na Antena 1 (e não às 22h45, como é habitual de Segunda a Sexta-feira), enquadra-se num conjunto de três programas dedicados à Semana do Consagrado (30 de Janeiro e 6 de Fevereiro), que podem ser escutados na Internet depois de emitidos na rádio.
PRE/RM