Fiéis de diferentes Igrejas «sentem-se muito irmanados, sobretudo quando sofrem juntos», diz bispo católico
Lisboa, 17 jan 2013 (Ecclesia) – A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que começa esta sexta-feira, termina a 25 de janeiro com uma celebração ecuménica na igreja de São José, em Coimbra, revelou à Agência ECCLESIA o bispo católico D. António Couto.
O tema do Oitavário, ‘O que exige Deus de nós?’, a partir do livro bíblico do profeta Miqueias, apela a uma maneira “simples” e “fraterna” de viver, afirmou o presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização, responsável pelo setor do ecumenismo.
“Deus quer que caminhemos segundo o direito e a justiça, amemos o amor e andemos com humildade na sua presença”, atitudes a cultivar por todos os cristãos e que para o bispo de Lamego se aplicam com muita propriedade ao movimento ecuménico.
O guião da Semana deste ano foi preparado pelo Movimento de Estudantes Cristãos da Índia, que em 2013 assinala o seu centenário, uma escolha “significativa” não só pela efeméride mas também porque o país “é um mosaico de culturas e religiões”, variedade existente igualmente na adesão ao cristianismo, referiu.
A celebração e os textos inspiram-se na cultura dos ‘dalits’, grupo de onde provêm cerca de 80% dos cristãos da Índia e que, “por ser o mais baixo dos párias, está sujeito à humilhação, marginalização e hostilização”, referiu.
Entre os elementos característicos dos ‘dalits’ presentes no esquema celebrativo estão o tambor, o estilo de cantar devocional denominado ‘bhajan’ e o “rito das sementes” ou um “arbusto frágil”, simbolizando a renovação da vida, explicou D. António Couto.
O especialista em estudos bíblicos considera que a opção pelos ‘dalits’ e pelo profeta do século VIII a.C. é convergente: “Miquéias foi um pobre e defensor dos pobres”, denunciou “a exploração que ricos, ministros e também sacerdotes, fazem das províncias que sofrem”, o que “se ajusta muito bem aos tempos que correm em Portugal”.
“Os cristãos sentem-se muito irmanados, sobretudo quando sofrem juntos, como acontece com os ‘dalits’, com os pobres ao tempo de Miqueias e com o que sucede também hoje entre nós”, acrescentou.
O bispo de Lamego sublinhou que o Oitavário é uma oportunidade para que se vejam os cristãos a “rezarem juntos ao mesmo Deus, com a mesma alma e o mesmo coração, de mãos dadas, como cristãos fraternos”.
Além das orações e “encontros de reflexão” em conjunto, o apoio aos mais desfavorecidos “é uma herança que desde Jesus” une as comunidades cristãs, salientou D. António Couto.
“Talvez esta celebração [de 25 de janeiro] seja uma ocasião para fazermos mais e melhor as obras de caridade que realizamos, dado que estamos em tempos difíceis”, afirmou.
A celebração ecuménica nacional de Portugal, que culmina iniciativas de oração marcadas em várias dioceses, decorre às 21h00 com a participação de D. António Couto e D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra, esperando-se a presença de fiéis e ministros de outras Igrejas cristãs.
O ecumenismo é o conjunto de iniciativas e atividades tendentes a favorecer o regresso à unidade dos cristãos, quebrada no passado por cismas e ruturas.
RJM