A vida é a grande prioridade na temática da família, defende responsável por este sector da pastoral em Braga Está a decorrer nas várias dioceses do país a celebração da Semana da Vida. Sete dias para alertar consciências para a importância familiar, para os comportamentos sociais dos indivíduos em área tão distintas como o respeito pela vida humana, comportamentos sociais ao volante, preservação ambiental ou muitos outros. Afinal, o princípio de tudo é a vida. José Maria Sousa, responsável pelo Departamento Arquidiocesano da Pastoral Familiar de Braga, explica à Agência ECCLESIA que nesta diocese são as paróquias as promotoras das actividades que dão corpo a esta reflexão. O Secretariado Nacional do Laicado e da Família disponibilizou subsídios pastorais que estão a ser aplicados nas paróquias. Aproveitando o mês de Maria as paróquias organizam recitação do terço e reflexões sobre a vida. Nas paróquias mais populosas estão preparadas algumas palestras. As iniciativas “acabam por ser mais celebrativas”, indica José Maria Sousa, que acrescenta ser igualmente importante ajudar as pessoas a reflectir sobre a vida “em todas as suas fases”. Esta semana temática, que termina no próximo dia 18, encerra em Braga com um Congresso sobre a Família, no dia em que a diocese celebrar também o Dia Diocesano das Famílias. O Congresso representa o culminar de um trabalho de três anos que a Arquidiocese desenvolveu. Uma acção pastoral dedicada à família. “Não será o fim, mas o princípio”, indica o responsável pelo Departamento Arquidiocesano da Pastoral Familiar. “Queremos criarmos um espaço de debate amplo com linhas orientadas para o futuro”. “A vida é a grande prioridade na temática da família”. A partir daqui a reflexão abre-se para muitas áreas. Em Braga, José Maria Sousa explica que três vertentes estão em análise. As ligações familiares entre as diferentes gerações, “com especial incidência nos idosos”, explica. “A partir dos idosos podemos também reflectir nas questões do abandono e da solidão”. A segunda grande reflexão aponta para a resposta que a comunidade familiar e paroquial dá ao acompanhamento de grávidas e a crianças. Por último as questões de vida relacionadas com a sociedade no seu todo, presente “na consciência ambiental e cuidados nas estradas”, destaca. De âmbito autárquico, sendo este o poder governativo mais próximo das populações, “há uma maior atenção à terceira idade”, aponta o responsável pelo Departamento Arquidiocesano da Pastoral Familiar. Esta área é que maior atenção ganha nas questões da vida. Sociedade ataca famílias Mas de uma forma geral “a semana da vida e até mesmo o dia da família não é reconhecido pela sociedade”, admite. José Maria Sousa aponta que a sociedade actual não acompanha e chega mesmo a “atacar o núcleo familiar”. O momento económico e social “não ajuda à estabilidade das famílias e a uma vida digna e feliz”. As leis têm uma visão distorcida da família, aponta, destacando que o quadro legislativo abre espaço a núcleos familiares “muito distintos dos que conhecemos”. Sobre a lei do divórcio, José Maria Sousa sublinha um “facilitismo que em nada ajuda as pessoas a crescer”. O responsável rejeita qualquer moralismo, pois indica tratar-se antes de “humanismo”. As rápidas decisões “podem ser precipitadas”, explica o responsável, habituado a acompanhar casais e a perceber de perto a realidade de muitas famílias. Os legisladores pecam pela falta de humanismo e notam um “desconhecimento real dos problemas concretos das pessoas”. A Semana da Vida deveria ter “uma maior dimensão do que a que tem”, analisa. Dada a importância do próprio tema, “há que fornecer formas de reflexão”. Observatório da Família Comentando a iniciativa da autarquia da Trofa que amanhã, dia 15, vai assinar um protocolo para a criação de um Observatório da Família, José Maria Sousa, acredita que um organismo como este “vai lançar um alerta sobre os verdadeiros problemas da Família”. O Observatório da Família vai permitir um acompanhamento contínuo das condições de vida das famílias, dos problemas sociais que enfrentam e das medidas destinadas a combatê-los. “A sociedade precisa ser alertada”, indica. José Maria Sousa indica que se vive uma vida paralela “dentro e fora de portas, parece que as pessoas que estão dentro de casa são diferentes das que vivem fora de casa”. O Observatório em si, é já um alerta. Mas será necessário também fazer “uma análise crítica e documentada que serão ponto de partida para as soluções de situações concretas”. Este será o ponto de partida para uma reflexão mais alargada, quem sabe a nível nacional.