Sem o Espírito Santo, a Igreja não tem vida

D. Teodoro de Faria presidiu, na manhã de ontem, na Sé do Funchal, à Solenidade do Pentecostes. Naquela Eucaristia, oitenta jovens e adolescentes da paróquia da Sé e cem adultos de diversas Dioceses de Portugal receberam o sacramento da Confirmação, ou Crisma. A homilia de D. Teodoro de Faria centrou-se na catequese sobre o Espírito Santo, salientando que, «como no dia de Pentecostes, o Espírito Santo desce hoje sobre vós no sacramento do Santo Crisma, para vos enriquecer com os seus dons e para o bem de toda a comunidade humana. Os dons ou carismas são diferentes, porque na Igreja há diversidade de serviços, mas todos eles tendem para edificar a comunidade cristã e construir o bem comum». E acrescentou: «Há cristãos chamados ao sacerdócio ou à vida consagrada a Deus, e quem sabe se algum ou alguma de vós não tem esse dom, mesmo ainda sem o saber, ou talvez sabendo tenha medo de dizer sim à sua vocação e seguir Jesus? Outros são chamados ao matrimónio e à família, ainda outros são chamados à pregação na catequese, ao estudo e ensino da teologia, à reflexão dos planos de pastoral em união com o bispo, à educação das crianças e dos jovens, à visita aos doentes e prisioneiros, aos enfermos e ao compromisso com a promoção e libertação integral do homem, ao governo dos povos. Outros ainda são chamados a dar testemunho pessoal na vida de cada dia, em casa, no trabalho, nos divertimentos, na escola. Em todos estes cristãos manifesta-se o Espírito Santo para o bem comum». D. Teodoro de Faria recordou que a Bíblia compara o Espírito Santo à água, «que é fonte de vida. Todos necessitam da água, os homens, os animais e a natureza. A água da chuva cai do céu do mesmo modo, mas produz efeitos muito variados. É diferente o resultado da água na videira, na oliveira e na figueira. A água da chuva não se modifica a si mesma, mas ao cair na terra acomoda-se aos seres e às plantas que a recebem». Acentuou, depois, que «o mesmo e único Espírito Santo se serve da língua de uns para comunicar o dom da sabedoria, ilumina a consciência de outros com o dom da profecia, a uns fortalece na temperança, a outros abre o coração para a misericórdia na caridade, a uns dá a sabedoria nas coisas temporais, como a ciência, as invenções, a arte, a música, a literatura, a outros dá-lhes o dom da paciência na dor e a coragem no martírio». «O Espírito Santo está sempre presente na Igreja para salvar, ensinar, instruir, iluminar, fortalecer, consolar, aconselhar, curar. Sem Espírito Santo, a Igreja não tem vida, não cresce, não dá fruto. O Espírito do Senhor é como um vento forte, uma tempestade que leva a Igreja a estar presente em todos os lados e em todas as situações. O importante é que os discípulos, que somos todos nós, não tenham medo e não se fechem dentro de casa» sublinhou D. Teodoro de Faria. O Papa Bento XVI também foi evocado na homilia de D. Teodoro de Faria, que agradeceu a Deus o Papa que nos deu, «e cujo nome, Bento, significa abençoado». Sublinhou, de seguida, que o Papa «é um homem bondoso, simples, caritativo, mas estas qualidades encontram-se também noutros cardeais que poderiam ser Papa. É evidente que Bento XVI vai continuar a dinâmica do Concílio Vaticano II e do Papa João Paulo II, o ecumenismo, o governo da Igreja em comunhão com os bispos, a evangelização dos povos, a amizade às crianças e aos jovens. Tudo isto é obrigatório para qualquer cardeal que fosse escolhido Papa». Questionou depois: «O que teria levado o Espírito Santo a preferi-lo aos outros bispos e a ser escolhido pelos cardeais? Concretamente, não sabemos, mas, olhando para a vida anterior de Bento XVI e da sua proximidade com João Paulo II, poderíamos deduzir que Deus o escolheu pelo facto de poder apresentar uma continuidade ainda mais clara da doutrina, ser um pastor da clareza e da firmeza na fé, do diálogo com a cultura e a ciência moderna». A terminar a sua homilia, o prelado funchalense pediu orações ao Espírito Santo pelo nosso Papa, «para que ele evangelize aquelas pessoas e lugares onde Jesus Cristo ainda não chegou; para que o Papa veja os pobres, os jovens sem esperança, as famílias desfeitas, os recasados com fé, os que precisam de pão, beleza e carinho na vida. Nós estaremos com ele, para o ouvir, obedecer e anunciar Jesus Cristo com alegria e muita esperança no futuro. Vós, caros crismandos, não sois apenas o futuro, com os dons do Espírito Santo, já sois o presente da Igreja nesta Diocese do Funchal. Confio-vos a Maria, cheia de graça que escolheu a nossa pátria, para falar em Fátima aos pastorinhos, pedindo-lhes e a todos nós, oração, obediência ao Evangelho e simplicidade de vida».

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