Sem-abrigo: Há pessoas a viver alguns dias na rua porque «não têm a capacidade de ter uma casa durante todo o mês», afirma Ricardo Assunção

Voluntário da Comunidade Vida e Paz dá conta que há pessoas em situação de sem-abrigo com emprego, mas rendimentos não lhes permitem garantir uma casa ou um quarto 

Foto Comunidade Vida e Paz

Lisboa, 24 jan 2024 (Ecclesia) – Ricardo Assunção é voluntário da Comunidade Vida e Paz (CVP), instituição que apoia pessoas em situação de sem-abrigo e vulnerabilidade social, e destaca que há pessoas com trabalho a viver na rua.

“Pelo menos na minha experiência enquanto voluntário, tenho-me apercebido que há pessoas que efetivamente não estão o mês inteiro na rua. Portanto, são pessoas que trabalham, têm uma vida ativa, mas na realidade não têm a capacidade de ter uma casa durante todo o mês”, afirma Ricardo Assunção, em declarações ao Programa Ecclesia, transmitido segunda-feira na RTP2.

O voluntário da Comunidade Vida e Paz refere que estas pessoas conseguem estar num hostel apenas durante parte do mês, devido aos preços elevados da hotelaria e ao trabalho precário.

Ricardo Assunção realça que a situação de sem-abrigo não tem “apenas uma causa”, mas “múltiplas razões e dimensões”.

“Por não existir uma causa única para esta realidade, tem sido tão difícil fazer face a esta grande dificuldade de resolver este problema [de pessoas em situação de sem-abrigo]”, enfatiza.

Inserida na intervenção de primeira linha, a Comunidade Vida e Paz realiza anualmente a Festa de Natal com as pessoas em situação de sem-abrigo, que este ano decorreu de 20 a 22 de dezembro, na Cantina da Cidade Universitária de Lisboa.

Ricardo Assunção é voluntário nesta celebração há mais de 10 anos, que proporciona ao longo de três dias o acesso a uma variedade de serviços, tais como rastreios de saúde, atendimentos do Instituto dos Registos e do Notariado, Segurança Social, Instituto do Emprego e Segurança Social, barbearia, serviços de banho e higiene, distribuição de roupa, refeições quentes e momentos de animação.

O barbeiro e duche é uma área pela qual este voluntário da CVP tem “particular carinho e proximidade”, onde que é proposto um banho quente e uma mudança de visual.

“As pessoas fazem uma transformação e, de facto, sentem-se muito mais motivadas, vivem aquele espírito da festa que é o que nós desejamos para estes dias”, assinala.

Além da Festa de Natal, Ricardo Assunção é também voluntário nas equipas voluntárias de rua, que todos as noites distribuem refeições a aproximadamente 500 pessoas.

“De facto, muitas vezes as pessoas só querem alguém que as possa ouvir”, ressalta.

Desde que atua como voluntário, Ricardo Assunção refere que está “mais atento às pessoas” e ao ambiente ao redor.

“Eu penso que hoje em dia nos esquecemos muito de estar atento ao outro. E isso é fundamental, cada vez mais importante nos dias de hoje”, salienta.

A Comunidade Vida e Paz, organização sem fins lucrativos fundada em 1989, apoia pessoas em situação de sem-abrigo e vulnerabilidade social através de respostas como o Centro de Intervenção de Primeira Linha, Comunidades Terapêuticas e de Inserção e da Unidade de Apoio à Reinserção.

O programa Ecclesia emitido hoje na RTP 2 apresentou o trabalho de voluntariado desenvolvido por Ricardo Assunção, na Comunidade Vida e Paz, e de Mafalda Herédia Barahona e Leonor Simões, que participam no projeto que vai até aos hospitais na manhã de dia 24 de dezembro.

PR/LJ

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