Sem-abrigo: Comunidade Vida e Paz acolheu encontro de Marcelo Rebelo de Sousa com instituições sociais

Objetivo foi agilizar estratégia nacional a implementar para o setor

Lisboa, 05 abr 2017 (Ecclesia) – O presidente da República Portuguesa promoveu uma reunião em Lisboa com instituições empenhadas no apoio aos sem-abrigo, para agilizar a implementação de uma estratégia nacional a favor destas pessoas, mais carenciadas.

Em entrevista hoje à Agência ECCLESIA, Henrique Joaquim, presidente da Comunidade Vida e Paz (CVP), instituição anfitriã do evento, destacou uma “reunião muito prática”, que permitiu a algumas instituições que ainda não estavam envolvidas no processo “partilharem as suas propostas”, para que “a estratégia a adotar seja mais coletiva ainda”.

O Governo estipulou até ao final do mês de abril a implementação de um plano de intervenção junto das pessoas sem-abrigo, com a duração de sete anos, entre 2017 e 2023, mas o trabalho final tarda em ganhar forma.

“Como o presidente da República lembrou, a estratégia antiga acabou em 2015, em 2016 não houve e já passámos o primeiro trimestre de 2017. Quando temos como horizonte 2017 – 2023, arriscamo-nos a perder praticamente um ano”, apontou Henrique Joaquim.

Nesse sentido, mais importante ainda foi “sentar várias perspetivas à mesa, e a partir daí encontrar pontos comuns ou outros contributos”, salientou.

No encontro com Marcelo Rebelo de Sousa estiveram presentes seis instituições com diferentes caraterísticas, desde a distribuição alimentar e apoio de rua ao voluntariado, passando pelo desenvolvimento de projetos de habitação e alojamento, e pelas respostas de tratamento e de reinserção social das pessoas sem-abrigo.

O presidente da CVP destaca a importância da participação de uma associação em concreto, talvez “a única do país” neste momento, “exclusivamente formada por pessoas que viveram em situação de sem-abrigo”.

E que deram assim “um testemunho muito valioso”, na “primeira pessoa”, não só acerca de “um plano futuro” mas sobre “o que é que esperam, o que é que procuram, o que é que não têm e o que é que propõem”.

Sobre os aspetos que são mais essenciais para a construção da referida estratégia nacional, e que estiveram em cima da mesa, Henrique Joaquim destacou antes de mais a necessidade de criar “um sistema partilhado de informação que permita saber quantas pessoas estão em situação de sem-abrigo e qual o seu perfil”.   

“É diferente estar a tratar de uma pessoa saída do meio prisional, ou que tem dependências, ou que não saiu do sistema prisional mas está na rua há 10 anos. E esse é um desafio tremendo”, frisou aquele responsável.

Esse sistema de informação, informático e em rede, será depois fundamental também no “acompanhamento” destas pessoas após a fase de recuperação ou de tratamento, de saída da rua, para prevenir ou responder a situações de eventual recaída, por exemplo.

Em Lisboa, a CVP implementou  uma ferramenta informática onde inclusivamente as equipas de rua, os voluntários, podem colocar o histórico dos sem-abrigo que encontram e todas as indicações que considerem pertinentes.

“Nós já estamos a partilhá-lo e a testá-lo com a Câmara Municipal, e em breve vai ser partilhado com todas as outras equipas. E já informámos o Governo e a Segurança Social, que tem em mãos este processo, desta hipótese de resposta e estamos inteiramente ao dispor para a poder alargar e partilhar”, completou.

Sobre a realidade dos sem-abrigo no país, e concretamente na Grande Lisboa, Henrique Joaquim realça que os dados disponíveis neste momento apontam para “a redução do número de pessoas efetivamente sem casa, e um aumento de pessoas carenciadas que é urgente apoiar e prevenir para que não fiquem sem teto”.

Aquele responsável lembrou também "o número significativo de pessoas que estão já em sistema de apoio, mas que carecem quer de uma verdadeira política social de habitação, quer também, como o presidente da República referiu, de medidas de apoio ao emprego".

"As que existiam foram retiradas num passado recente, o que hoje dificulta muito a fase de reinserção dessas pessoas”, frisou Henrique Joaquim.

Esta quarta-feira à noite, Marcelo Rebelo de Sousa volta a promover uma iniciativa ligada aos sem-abrigo, acompanhando a partir das 20h30 uma equipa de voluntários da instituição CASA, na zona do Saldanha, em Lisboa.

A Comunidade Vida e Paz, organização católica nascida em 1989 e tutelada pelo Patriarcado de Lisboa, dedica-se sobretudo à recuperação de pessoas sem-abrigo, muitas delas envolvidas em situações de toxicodependência e alcoolismo.

 JCP

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Agência ECCLESIA

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