Seis milhões de crianças sofrem de abusos na América Latina

Mais de seis milhões de crianças sofrem de graves abusos, e 80 mil morrem, em cada ano, na América Latina, segundo um estudo realizado por várias agências das Nações Unidas e apresentado no passado dia 14, em Santiago, no Chile. O “Estudo do secretário-geral sobre a violência contra crianças” é a uma primeira análise sobre o assunto e foi elaborado com a participação de especialistas do UNICEF (Fundos das Nações Unidas para a Infância), do Alto Comissariado de Direitos Humanos, da ONU, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-americana da Saúde (OPS). O trabalho foi dirigido por Sérgio Pinheiro, ex-secretário de Estado para os Direitos Humanos, do Brasil. Ele destacou, na apresentação dos dados, que o alto nível da violência contra as crianças na região está relacionado à desigualdade económica e à falta de mecanismos de protecção legal. O documento contém perspectivas de direitos humanos, saúde pública e protecção da infância, destacando os ambientes em que a violência acontece: a casa, a escola, instituições judiciais e de atendimento a crianças, locais de trabalho e a comunidade. Para além disso, o relatório destaca ainda os prejuízos dos maus-tratos,sublinhando que eles podem repercutir no desenvolvimento, na saúde e na capacidade de aprendizagem das crianças. O relatório aponta que, cerca de seis milhões de crianças sofrem abusos graves na América Latina, e, a cada ano, 80 mil morrem, em virtude da violência familiar. Apresenta também dois milhões como o número de vítimas de exploração sexual para fins comerciais. “O castigo corporal nos lares e na escola é uma prática comum em toda a região e em poucos países é proibido pela lei”, afirma no texto. Egídio Crotti, representante do UNICEF no Chile, ressaltou que as crianças sofrem violência “nos lugares que deveriam ser de protecção, de estímulo ao desenvolvimento integral e de protecção aos seus direitos”. “Os maus-tratos às crianças nunca são justificáveis. É fundamental prevenir e é essencial a participação de todos, para erradicar a violência contra crianças”, afirmou Carmen Rosa Villa, representante regional do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Juan Manuel Sotelo, representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-americana da Saúde (OPS) na região, destacou a existência de formas de violência muitas vezes esquecidas, como a má nutrição das crianças, por parte de seus pais. O estudo propõe várias recomendações, como a criação de estratégias nacionais de prevenção e luta contra a violência e recomenda também aos Estados, medidas administrativas, legislativas e financeiras para proteger as crianças. O relatório sugere ainda a proibição legal de todas as formas de maus-tratos contra crianças, inclusive os castigos corporais e a criação de sistemas nacionais de catalogação de dados confiáveis. Com Rádio Vaticano

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Agência ECCLESIA

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