Segredos para ser bom porta-voz

«Media Training» na Igreja

O segredo para um bom exercício da função de porta-voz numa instituição da Igreja Católica depende da certeza das mensagens que transmite, em nome da instituição, da capacidade de “passar” “duas ou três ideias” fundamentais, sem dizer “meias verdades”.

Para o Director de Informação da TVI, há três regras fundamentais para que a comunicação institucional, nomeadamente a que é produzida nos Gabinetes de Imprensa, seja eficaz.

Numa conferência sobre “Media Training” durante as Jornadas Nacionais das Comunicações Sociais, Júlio Magalhães explicou que, em primeiro lugar, o porta-voz deverá perguntar às hierarquias qual a mensagem que deve ser transmitida. A celeridade na resposta exige que os Gabinetes de Imprensa apresentem aos responsáveis os dados essenciais da situação, para que eles disponibilizem uma reacção rápida.

O porta-voz deverá igualmente concentrar-se em duas ou três ideias principais, que devem ser curtas e eficazes. Esta estratégia facilita o trabalho ao jornalista, além de passar a ideia de que a resposta tem vários argumentos. Por outro lado, ao circunscrever a quantidade da informação, limitam-se eventuais distorções.

Por fim, Júlio Magalhães insistiu no facto de não poder haver meias verdades. Um dos estratagemas utilizados pelas instituições para ganhar tempo consiste em avançar com informações parcelares. Este plano de acção revela-se, frequentemente, prejudicial porque os jornalistas, ao ouvir outros intervenientes, voltarão aos questionamentos; este processo, que transparece para a opinião pública, não contribui para a credibilidade das empresas, organismos ou igrejas.

Se é verdade que os media estão à procura das audiências, também é certo que, muitas vezes, as respostas das instituições deixam muito a desejar.

Na sua intervenção, Júlio Magalhães recordou o “gosto” com que entrevistava responsáveis da Igreja: pessoas com um discurso “limpo” e “preparação sólida”, com as quais se está sempre “a aprender alguma coisa”.

Por isso, o desafio não se situa nos conteúdos, mas na forma como eles são comunicados. Neste sentido, os Gabinetes de Imprensa são uma “necessidade decisiva” para a Igreja, até para evitar contradições entre várias fontes.

Notícias sobre a Igreja Católica garantem audiências nos media
Os problemas e conflitos relacionados com a Igreja Católica são uma das fontes principais de audiências nos media, afirmou o novo Director de Informação da TVI, Júlio Magalhães, durante as Jornadas Nacionais da Comunicação Social.

Depois de explicar que os jornalistas são pressionados para apresentar as notícias antes da concorrência, em particular na Internet, e que, na rádio e televisão, as notícias têm de estar terminados à hora dos principais blocos noticiosos, Júlio Magalhães referiu que esta aceleração exige uma resposta clara e rápida das instituições.

Numa conferência sobre «Media training» nos Gabinetes de Imprensa, o jornalista mostrou-se convencido de que a “comunicação social é actualmente a forma mais eficaz de comunicar e passar mensagens”, pelo que “não é boa ideia” pensar que se pode passar sem ela.

O poder da televisão
Referindo-se em particular à televisão – “o meio mais difícil, mais poderoso e mais violento, mas também o mais eficaz” – Júlio Magalhães afirmou que ela trabalha em função das audiências.

A luta pela atenção de leitores, espectadores e ouvintes, que é “quase uma ditadura”, fez com que as pessoas percebessem que as soluções para os seus problemas passam por os expor nos media, dado que as instituições – hospitais, escolas, tribunais, entre outras – não respondem aos seus anseios. “Recebemos muitas cartas, muitos e-mails de muita gente”, “denunciando toda a espécie de casos que possam imaginar”. Por isso as televisões gostam de pessoas que se queixem.

Ainda que os responsáveis das instituições optem por estratégias de adiamento das respostas, ou cheguem mesmo a recusar comentar as situações, as notícias não deixam de ser transmitidas, ainda que falte a versão de uma das partes. Quando a reportagem é emitida – e repetida ao longo das horas – as reacções tardias dos organismos dificilmente conseguirão controlar as consequências da informação.

E se é verdade que o direito de resposta está assegurado, as reacções tardias podem perder o impacto face às consequências da versão transmitida pela primeira vez.

Por outro lado, a generalidade dos jornalistas cobre uma grande variedade de assuntos, do futebol ao 13 de Maio, da política ao espectáculo. Neste sentido, a mensagem a transmitir deve ser acessível, não só para o público, mas para os repórteres não especializados que, mais tarde, irão redigir a notícia.

É importante que os organismos estatais, privados e eclesiais conheçam não só o poder da televisão, mas também as estratégias usadas para conseguir audiências. Júlio Magalhães sublinhou que a liderança da TVI no período nobre – das 19 horas à uma da manhã – se deveu ao conhecimento dos hábitos das famílias, bem como a estratégias que se adaptaram a essas rotinas.

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Agência ECCLESIA

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