Secularização ameaça os crentes, diz o Papa

Bento XVI recebeu este Sábado em audiência os participantes na assembleia plenária do Conselho Pontifício para a Cultura, que durante três dias debateram o tema a Igreja e o desafio da secularização. “A secularização, que se apresenta nas culturas como delineamento do mundo e da humanidade sem referencia à Transcendência , invade todos os aspectos da vida quotidiana e desenvolve uma mentalidade na qual Deus está de facto ausente, em tudo ou em parte , da existência e da consciência humana”, lamentou. Uma questão, que, como salientou o Papa, é fundamental para o futuro da humanidade e da Igreja. “Hoje, mais do que nunca, a abertura recíproca entre as culturas é um terreno privilegiado para o diálogo entre os homens e mulheres empenhados na procura de um humanismo autêntico, para além das divergências que os separam”, afirmou. “Esta secularização – disse depois Bento XVI – não é apenas uma ameaça externa para os crentes, mas manifesta-se já desde há tempos no seio da própria Igreja. Desnatura a partir de dentro e em profundidade a fé cristã, e por conseguinte, o estilo de vida e o comportamento quotidiano dos crentes”. Segundo o Papa, os crentes “vivem no mundo e muitas vezes são mesmo condicionados pela cultura da imagem que impõe modelos e impulsos contraditórios, na negação pratica de Deus : já não existe necessidade de Deus, de pensar n’Ele e de voltar a Ele”. “Além disso, a mentalidade hedonista e consumista predominante favorece, tanto nos fiéis como nos pastores, uma deriva para a superficialidade e um egocentrismo que prejudica a vida eclesial”, indicou. No seu discurso o Papa constatou que a “morte de Deus” anunciada nos decénios passados por muitos intelectuais, cede o lugar a um culto estéril do indivíduo e que neste contexto cultural, existe o perigo de cair numa atrofia espiritual e num vazio do coração, caracterizados às vezes por formas sucedâneas de pertença religiosa e de vago espiritualismo. “É urgente reagir a semelhante deriva mediante a chamada dos valores elevados da existência, que dão sentido à vida e podem apagar a inquietação do coração humano, à procura da felicidade: a dignidade da pessoa humana e a sua liberdade, a igualdade entre todos os homens, o sentido da vida e da morte e daquilo que nos espera depois da conclusão da existência terrena”, frisou. Bento XVI concluiu o seu discurso exortando, sobretudo, os pastores do rebanho de Deus a uma missão incansável e generosa para enfrentar, no terreno do diálogo e do encontro com as culturas, do anúncio do Evangelho e do testemunho, o preocupante fenómeno da secularização, que enfraquece a pessoa e lhe cria obstáculos no seu desejo inapto de Verdade inteira. “Possam assim os discípulos de Cristo….continuar a anunciá-Lo no coração das culturas, porque Ele é a luz que ilumina a razão, o homem e o mundo”, indicou. (Com Rádio Vaticano)

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