Saúde: Patriarca de Lisboa pede humanização dos cuidados

D. José Policarpo lembra pessoas encontradas em casa muito tempo após a sua morte

Lisboa, 13 Fev (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, pediu hoje uma aposta na humanização da saúde, falando na importância da “bondade e do carinho” no tratamento das pessoas doentes.

Na homilia da Missa a que presidiu na capela do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o patriarca disse que a “competência” científica do pessoal médico é fundamental, mas não basta, só por si, para assegurar o sucesso terapêutico.

“É uma exigência de humanidade, não é uma exigência apenas de competência técnica, e aí sim a sociedade encontra a sua dignidade”, indicou, alertando que, caso contrário, as pessoas acabarão por ser tratadas “como números”.

Falando num mundo que não é “perfeito”, este responsável recordou, entre outros, o caso da idosa descoberta no seu apartamento na Rinchoa, Sintra, oito anos e meio após ter sido vista pela última vez, situação que veio a público na última semana, tendo posteriormente sido noticiados outros casos de pessoas encontradas sem vida vários dias ou mesmo semanas após a sua morte.

“Os dramas continuam a existir neste nosso mundo”, disse.

D. José Policarpo declarou que muitos vivem “iludidos” por não considerarem a “mole imensa” do sofrimento humano, nos nossos dias, desejando que esse sofrimento seja “vivido com grandeza”.

Na celebração deste domingo, o patriarca de Lisboa aludiu à recente celebração do Dia Mundial do Doente, a 11 de Fevereiro, e à mensagem que Bento XVI escreveu para essa ocasião.

D. José Policarpo afirmou que “a maneira como os doentes encaram hoje a doença” e a forma como a sociedade reage à presença desses doentes “decide a dignidade e a grandeza da própria sociedade”.

“Melhorámos muito, graças a Deus”, disse, recordando “o mundo de há cem anos”, tanto na “competência” médica como “na solicitude e nas estruturas de apoio e acolhimento” aos doentes.

O cardeal lisboeta disse que “ninguém dispensa o cultivo pessoal” da possibilidade de enfrentar “com grandeza” a eventualidade de uma doença.

Na parte inicial da sua homilia, D. José Policarpo apresentou uma reflexão sobre o tema da “sabedoria”, afirmando que para os cristãos esta deve ser “força de Deus” que permita, “em cada circunstância da vida”, fazer uma “opção justa”.

O patriarca falou ainda da próxima obra de Bento XVI, a segunda parte do livro «Jesus de Nazaré», que apresentou como um “texto belíssimo”, mostrando-se comovido com o “drama da Paixão”, um sofrimento que mudou o “destino da humanidade”.

OC

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Agência ECCLESIA

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