Saúde: Negar a assistência espiritual e religiosa «é antidemocrático, insensato e desumano»

Alerta do coordenador nacional das Capelanias Hospitalares

Lisboa, 10 fev 2015 (Ecclesia) – O padre Fernando Sampaio, coordenador nacional das Capelanias Hospitalares, questiona os “interesses” que estão por detrás dos entraves que são muitas vezes colocados a este serviço.

Num texto enviado à Agência ECCLESIA, no âmbito do Dia Mundial do Doente que a Igreja Católica assinala esta quarta-feira, o sacerdote realça a importância da assistência espiritual e religiosa “existir nos hospitais e funcionar de forma organizada e regular, sem impedimentos”.

Isto porque “as doenças e sofrimentos severos não atingem apenas o corpo, mas ferem também a alma”, fazendo frequentemente a pessoa doente questionar “a vida e o seu sentido, a bondade de Deus e a sua existência, perguntas para as quais não vê resposta”.

E é neste momento, em que “a dor física e psíquica” se alia “à dor existencial e espiritual”, que a assistência espiritual e religiosa se torna não apenas fundamental mas “uma emergência”, frisa aquele responsável.

Porque é “uma particular fonte de conforto, bem-estar paz, saúde”; porque “fomenta a reconciliação” dos doentes “consigo” próprios, “com os outros e com Deus”, porque “abre para o sentido da vida” e logo dá azo a uma reabilitação mais completa das pessoas.

O padre Fernando Sampaio sublinha que esta não é uma constatação baseada apenas na “tradição da Igreja Católica”, na “experiência dos profissionais” de saúde ou mesmo na “literatura científica recente”.

Ela está também já consagrada na legislação, através do “Decreto-lei 253/2009, que a regula nos Hospitais do Serviço Nacional de Saúde”.

Neste sentido, “quem nega ou impede a assistência espiritual e religiosa é insensível, violento, antidemocrático, insensato e desumano”, acusa o sacerdote, que não compreende que bem pode resultar do não cumprimento do que está estipulado, por parte dos hospitais.

“Se a vida espiritual é fonte de bem-estar e conforto e se, como dá conta a literatura, previne a saúde, influencia a recuperação, tornando-a mais rápida, se tem um efeito placebo isso não significará que tem influência positiva nos custos de saúde? Então porquê a má vontade e os obstáculos? Que interesses estão por detrás?”, questiona.

O atual coordenador do Serviço de Assistência Espiritual e Religiosa no Centro Hospitalar de Lisboa Norte aborda ainda outro lado da questão, o facto de muitos doentes, católicos ou de outras confissões religiosas, ainda não solicitarem um apoio que é deles por “direito”.

“O doente crente deve manifestar-se sem medo ou vergonha. Deve pedir a assistência espiritual e religiosa aos enfermeiros ou outros profissionais e se encontrar alguma obstrução indevida deve reclamar”, reforça o padre Fernando Sampaio.

Segundo o sacerdote, ao solicitarem a assistência, os pacientes estão a fazer mais do que “um bem a si próprios”, estão a contribuir para a “defesa da cidadania crente no presente e no futuro”.

O Dia Mundial do Doente, que a Igreja Católica vai assinalar esta quarta-feira, foi tema em destaque na edição mais recente do Semanário ECCLESIA.

JCP

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