Saúde mental integrada e humanizada

No dia em que os doentes mentais são lembrados, nota positiva para o esforço de diminuir a institucionalização No dia 10 de Outubro importa lembrar que durante os outros 364 dias os doentes mentais precisam igualmente ser lembrados, acompanhados e inseridos na sociedade. No dia mundialmente dedicado à saúde mental, a Directora da Casa da Saúde do Instituto São João de Deus, de Barcelos, Isabel Bragança, acompanha com agrado o trabalho desenvolvido pelo Governo nesta área, nomeadamente, a aprovação em Conselho de Ministros do Plano Nacional de Saúde Mental 2007-2016. Medidas do Executivo que visam a protecção dos direitos humanos das pessoas com problemas de saúde mental e que chamam a atenção para a necessidade da sua integração, assegurando o acesso equitativo a cuidados e a aproximação destes cuidados às pessoas, facilitando a participação das comunidades, dos utentes e das famílias. Através da integração dos cuidados de saúde mental no sistema geral de saúde, pretende-se facilitar o acesso e a diminuir a institucionalização. Determinações necessárias que surgem na continuidade do trabalho já desenvolvido pelo Instituto São João de Deus – ISJD, que vão no sentido da “integração do doente mental na sociedade, de promoção da sua reabilitação numa aproximação familiar”, aponta Isabel Bragança, que sublinha a protecção dos direitos que assistem ao doente mental como essenciais. O ISJD é “quase um advogado do utente para que os direitos fundamentais sejam assegurados”. Direitos que passam essencialmente pela “igualdade e de acesso ao conjunto social que se apresenta a qualquer indivíduo”, sublinha. O estigma do doente mental está ainda muito presente na sociedade, facto que é preciso desmistificar, “assumindo o doente mental com o lugar que ele tem na sociedade e as garantias que o Estado lhe deve dar assim como o faz com qualquer outro cidadão”. Existem já estratégias que permitem dissuadir estigmas que existem, nomeadamente a opção por outros centros de tratamento ou lógicas dentro dos centros psiquiátricos, e de entidades que coloquem o doente na comunidade, “deixando os centros para a promoção de apoio ao doente e às famílias”. O ISJD desenvolve uma lógica, “não recente”, de aproximação do doente da comunidade. “O Plano de Saúde Mental vem enquadrar as estratégias que o Instituto vem desenvolvendo”, nomeadamente, a inserção dos doentes na comunidade, assegurada pela retaguarda do centro, mas “promovendo uma vida autónoma do utente”, sendo este o modelo a seguir. O Plano Nacional de Saúde Mental “pode ajudar”, mas por si “não basta vai provocar milagres”. A Directora da Casa de Barcelos aponta a necessária “acção concertada com a comunidade”, que precisa de ser trabalhada paralelamente, “percebendo as necessidades, os seus constrangimentos e ajudá-la a fazer um caminho de integração dos doentes”, aponta. Um trabalho comunitário que “engloba técnicos, cidadãos, em diferentes papéis assumidos ao longo da vida”. Uma acção concertada que exige parcerias com as autarquias, com o poder local, “pois é uma questão que passa por todos nós”.

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