Governo e instituições religiosas mostram vontade em unir esforços, numa altura em que o equilíbrio emocional da sociedade está ameaçado pela crise
Lisboa, 23 fev 2012 (Ecclesia) – O secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde elogiou hoje, em Lisboa, o contributo dos institutos hospitaleiros, no tratamento de doentes de foro mental, reconhecendo que o Governo deve colaborar “melhor” com aquelas instâncias católicas.
“Nós necessitamos muito dos institutos hospitaleiros e estamos cientes de que, de alguma forma, nunca fomos capazes de estabelecer a melhor cooperação”, referiu Fernando Leal da Costa, em declarações à Agência ECCLESIA, durante a abertura do 11º Congresso Nacional de Psiquiatria S. João de Deus, na Universidade Católica.
Esta iniciativa, dedicada ao tema “Qualidade em Saúde Mental – Cuidar com Saber e Humanidade”, conta com a organização das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, em parceria com a Ordem Hospitaleira de S. João de Deus.
Duas instituições religiosas que, só em Portugal, contam com dezenas de centros assistenciais nas áreas da psiquiatria e saúde mental, e várias unidades de cuidados paliativos e unidades de média duração e reabilitação.
Para o representante do Governo, trata-se de um contributo “primordial”, sobretudo num momento em que “a saúde mental dos portugueses está a ser condicionada por um conjunto de problemas sociais” que têm inclusivamente levado ao aumento do risco de depressão e suicídio no nosso país.
“Neste caso, tudo o que nós queremos fazer é ter uma ação muito mais proativa, no sentido da prevenção”, salientou o secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, manifestando a necessidade de “fazer uma melhor utilização” dos recursos materiais e humanos que estão à disposição.
O professor António Pacheco Palha, membro da comissão organizadora do Congresso e presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria a Saúde Mental, considera que o Estado só terá a ganhar com a “integração, com o mesmo estatuto e dignidade, dos institutos hospitaleiros”, a começar pela poupança de meios financeiros.
Uma ideia reforçada pelo conselheiro geral da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, Daniel Marquez, que realçou que “numa sociedade em dificuldades, não faz sentido a duplicação de equipamentos e respostas”.
A sessão de abertura do 11º Congresso Nacional de S. João de Deus, que decorre até ao próximo sábado no auditório Cardeal Medeiros da UCP, contou com a presença do coordenador nacional da Pastoral da Saúde.
O padre Vítor Feytor Pinto destacou “a dimensão terapêutica da espiritualidade” e adiantou que está a ser preparado, para maio, um encontro sobre “Cuidados de Saúde: Lugares de Esperança”.
“A saúde em Portugal, com o apoio das comunidades cristãs, têm que gerar esperança, dar às pessoas a certeza de que podem ultrapassar as dificuldades”, defendeu o sacerdote.
JCP