Saúde mental continua a ser um gueto

Avanços no tratamento da saúde mental em debate X Congresso de Psiquiatria pelos seguidores de São João de Deus Com provas dadas e caminho aberto na área da saúde mental, o Instituto São João de Deus encerrou o X Congresso de Psiquiatria São João de Deus. Na sessão de encerramento, o Irmão Adelino Manteigas, da Comissão organizadora do Congresso e Conselheiro dos Irmãos São João de Deus, referiu que o encontro proporcionou aos Institutos dos Irmãos SJD e das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, “dar a conhecer os avanços que têm desenvolvido na área da saúde mental e psiquiátrica”. “É gratificante sairmos reconhecidos pelo nosso trabalho”, avançou o responsável à Agência ECCLESIA, sem deixar de lamentar a falta “de reconhecimento da parte do Estado, de uma forma clara, que os Institutos em Portugal são parceiros por excelência e a não perder nesta área”. O Irmão Adelino Manteigas lamenta ainda que, para a maioria das pessoas em Portugal, “os nossos institutos são muito desconhecidos”. A saúde mental e psiquiatria “continua a ser um gueto, uma área da saúde só para especialistas, resguardada e mantida nos lugares mais distantes”. O X Congresso de Psiquiatria, sobre o tema «Perspectiva a Mudança, continuar a Cuidar», permitiu “consciencializarmos os avanços que os Institutos têm feito, e Portugal, no campo da psiquiatria”. O Instituto SJD é pioneiro em avanços na área de reabilitação psico-social e na criação de estruturas comunitárias, em especial, nas residências comunitárias para pessoas com doença mental. O responsável adianta não ser mais possível “confinarmos pessoas com doença mental a instituições, a lugares fechados. A sociedade tem que aceitar a pessoa com doença mental de igual para igual”, mas acrescenta que o aceitar “tem de ser com todos os seus direitos e dignidade”. O Irmão Adelino frisa que a pessoa com doença mental deve participar activamente na sociedade e não “ser confinado a um espaço onde pode ter todas as condições para viver mas onde não se realiza”. O Congresso mostrou os avanços e o pioneirismo das Ordens em Portugal, “o interesse, a vontade e o direito que «consideramos ter», de estar inseridos numa Rede de Cuidados de Saúde Mental, de igual para igual, com o sector público”. O Irmão Adelino aponta estruturas, conhecimentos, vontade para entrar na Rede. “Podemos assistir bem, cuidamos das pessoas com humanismo e consciência”. Com estruturas de saúde em 45 países, o Irmãos Adelino destaca a preparação de uma estrutura, em Portugal, para trabalhar com pessoas com Alzheimer. “Apresentamos também projectos para cuidar de adolescentes com patologia mental, mas os nossos recursos limitados necessitam de parcerias”. A organização de saúde mental e psiquiátricos “não é fácil para o Estado”. O Irmão Adelino manifesta ser “crónica” uma dicotomia entre serviços públicos e privados. Os institutos são terceiro sector, ou seja, serviços privados sem objectivo de lucro. A legislação para a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados em Portugal está a ser desenvolvida, faltando ainda a regulamentação. O Instituto São João de Deus integra esta rede. “A experiência dos Institutos e a qualidade dos projectos afirma-se como pioneiras”. O responsável evidencia que “será mais fácil aos Institutos implementar serviços e respostas mais rapidamente do que o Estado com a sua pesada máquina”. Maria de Belém Roseira, Presidente da Comissão Parlamentar da Saúde, esteve na sessão de abertura do X Congresso, onde reiterou a posição de que os institutos devem articular uma parceria com o Estado para a criação de uma efectiva Rede de Cuidados Continuados Integrados em todo o país. Na sessão de encerramento também a Irmã Idília Carneiro, Superiora Provincial das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, manifestou a necessidade de uma “cultura de reflexão construtiva sobre a realidade”, numa altura de “mudanças e restruturação”.

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Agência ECCLESIA

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