Antiga Presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida condena falta de gestão «coerente e consequente» e cruzamento de dados
Lisboa, 23 jan 2015 (Ecclesia) – A jurista Paula Martinho da Silva afirma que a crise económica não pode justificar a “baixa de qualidade nos serviços” de saúde e que as causas estruturais “têm de ser atacadas” por quem já estudou o problema.
“Claro que influência, mas não pode servir de justificação, uma vez que esta situação arrasta-se há muito tempo”, explica a comentadora da ECCLESIA, antiga Presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.
Nas últimas semanas foram registados sete óbitos, alegadamente de utentes à espera de atendimento nas urgências, devido a um fluxo intenso de pacientes aos hospitais públicos.
A jurista aponta um estudo realizado pelo Conselho Nacional da Qualidade em Saúde, da autoria do médico Luís Campos, que indica a necessidade de “atacar causas estruturais”.
A comentadora da ECCLESIA condena a falta de cruzamento de dados, uma vez que, sublinha, “as demoras e a falta de atendimento nas urgências não são novas”.
“A nossa situação não é original, acompanhamos o modelo de outros países onde estas ocorrências também se manifestaram; não estamos a inventar nada de novo nem temos de inventar”.
A solução, aponta, deve ser encontrada numa “gestão coerente e consequente” do problema, com o auxílio de “levantamentos e situações já estudadas”.
A jurista manifesta preocupação ao tomar conhecimento de que uma das medidas a ser encetada para aliviar a pressão nos hospitais, em especial por causa da gripe, é “dar alta ao fim de semana” aos pacientes hospitalizados.
Admitindo tratar-se de uma “notícia dada pela metade”, Paula Martinho da Silva sublinha a apreensão.
“Quero acreditar que esta é uma medida tomada em conjunto, não isolada, e que seja a menor a ser equacionada”.
Paula Martinho da Silva é comentadora da Ecclesia e a sua análise pode ser acompanhada no programa na Antena 1 do próximo domingo.
LS