Coordenador nacional da Igreja Católica recorda que, só em dívidas aos fornecedores, os hospitais públicos devem «três mil e duzentos milhões de euros»
Lisboa, 12 dez 2011 (Ecclesia) – O coordenador nacional da Pastoral da Saúde considera o aumento anunciado das taxas moderadoras nos hospitais e centros médicos como “um mal necessário” que visa “dar sustentabilidade” ao Serviço Nacional.
“Defendo intransigentemente o Serviço Nacional de Saúde, mas tem de se dar sustentabilidade ao mesmo, porque senão desaparece para toda a gente”, realça o padre Vítor Feytor Pinto, em declarações prestadas hoje à Agência ECCLESIA.
O sacerdote recorda que, “só em dívidas aos fornecedores”, os hospitais públicos têm neste momento uma dívida estimada em cerca de “três mil e duzentos milhões de euros”.
A atualização dos preços das consultas nos hospitais e centros de saúde foi avançada hoje pelo ‘Diário de Notícias’, com base numa fonte do Ministério da Saúde.
Segundo o jornal, o atendimento nos hospitais distritais irá passar de 3,10 euros para 10 euros, acréscimo semelhante ao que se verificará nas consultas de especialidade e nos serviços de urgência dos centros de saúde.
Confrontado esta tarde com os aumentos, o primeiro-ministro considerou a medida “importante para não pôr em causa a qualidade dos serviços prestados”.
Em declarações à RTP, Pedro Passos Coelho explicou ainda que “o objetivo é que o efeito moderador possa ser reforçado e que aqueles que têm maior disponibilidade financeira possam dar a sua contribuição”.
Uma lógica partilhada pelo padre Vitor Feytor Pinto, para quem “o aumento das taxas moderadoras permite salvaguardar que cerca de 6 milhões de portugueses continuem a não ter qualquer encargo com a saúde e sobre isso, ninguém fala”.
Atualmente, crianças com menos de 12 anos, mulheres grávidas ou parturientes, pessoas com doenças crónicas, doentes urgentes encaminhados por médicos de família e famílias cujo rendimento médio mensal seja igual ou inferior a 628 euros estão isentas de encargos nos serviços públicos de saúde.
“É lógico que, para quem não está isento, vai entrar mais no bolso, talvez um ou outro não possa, porque está mesmo ali na franja, mas muitas pessoas podem pagar um bocadinho mais”, sustenta o coordenador nacional da Pastoral da Saúde, classificando de “realista” e “compreensiva” a política traçada pelo Governo.
O texto “Serviço Nacional de Saúde – Um Modelo a Preservar”, redigido em maio pelo Grupo Economia e Sociedade, ligado à Comissão Nacional Justiça e Paz, recusava a exigência de um pagamento por parte dos doentes “se os tratamentos de que necessitam são particularmente onerosos e não existe alternativa para eles”.
JCP/OC