Contemporâneo e primo carnal de Jesus Cristo é considerado pelos Evangelistas como o último dos profetas no sentido cronológico. Anuncia a vinda do Messias que O procede e, por isso, se denomina de Precursor. Nasceu em Ein-Karen, cidade da Judeia, seis quilómetros a oeste de Jerusalém, cerca de seis meses antes de Jesus, onde se julga morava o casal Zacarias- -Isabel, ambos da ascendência de Aarão. Não deve ser, por isso, confundido com João Evangelista, o discípulo amado. Este era galileu, filho de Zebedeu e Salomé; e irmão de Tiago (o Maior), que surgiria mais tarde como um dos doze Apóstolos. O Baptista anunciou, por assim dizer, a Revelação; o Evangelista proclamou-a. Teve por missão preparar a vinda do Messias com o apelo de: «Endireitai os caminhos do Senhor, aplanai as suas veredas»; «Fazei penitência que está próximo o reino de Deus». Dele disse Jesus: «… entre os filhos de mulher não há nenhum maior que João». Descreve-o admiravelmente o poeta, em fim de soneto: «Entretanto a João que baptizava e pregava a palavra do Senhor um homem como os outros se aprestava ao baptismo daquele que dizia ser apenas um simples precursor ao Messias que em breve chegaria…» João Baptista teve a sua vida oculta, que durou cerca de 27/28 anos. Diz a tradição que seus pais o haviam também posto a salvo da sanha de Herodes (o Grande), quando decretou que fossem degoladas todas as crianças com menos de dois anos. Confiaram-no aos cuidados dos essénios, espécie de monges, que viviam em comunidade no deserto, praticando vida austera, ao mesmo tempo que se dedicavam ao estudo das Escrituras. Assim se diz que João Baptista surge do deserto quando aparece a pregar e a baptizar no Jordão. Anunciava o milagre da conversão e denunciava as injustiças. Falava às multidões e dirigia-se sobretudo aos fariseus e saduceus, a quem chamava «raça de víboras» por não mostrarem sinais de arrependimento. A sua pregação teve profundo reflexo no mundo social de então. Motiva mesmo as iras de Herodes Antipas (filho de Herodes, o Grande) devido à repreensão que lhe fizera pela união incestuosa com a cunhada, mulher de seu irmão Filipe, ausente em Roma, que o mandou prender. Não chegou a ser liberto por entretanto ter sido decapitado a pedido da jovem Herodíades, filha da cunhada. Isto passou-se cerca do ano 30, início da vida pública de Jesus, pouco tempo após João O ter baptizado no rio Jordão. A festa da natividade de São João Baptista celebrava- se já nos primeiros séculos da Igreja, porém isenta dos excessos que hoje em dia se cometem e nada agradarão àquele que foi o Precursor e pregava a penitência. Coincidências… ou não As festas de São João, denominadas populares e que se celebram um pouco por todo o lado, coincidem no tempo com o solstício de Verão. O Estio, filho do Sol, como considerava a antiga mitologia, era a quadra risonha da abundância, em tempo de colheitas, o que combina com o adágio de “Junho, foicinha em punho”. Os gentios celebravam nesta altura a sua festa chamada “festa do fogo”, com danças, fogueiras, luminárias e outras expressões de regozijo. A partir do século IV, o mesmo praticavam já também alguns povos cristãos orientais a propósito da festa do nascimento de São João Baptista, por outra mais solene não haver na altura depois das principais festas da Redenção. Talvez, por isso, as fogueiras e os balões iluminados, que ainda hoje fazem parte das celebrações das festas em louvor do nosso Santo, sejam resquícios contrapostos ou transferidos para as solenidades cristãs. Avelino Costa