São Francisco Xavier: de Portugal para o mundo

Milhões de peregrinos visitam a exposição das relíquias de um Santo que Portugal não pode esquecer Goa, capital do Império português do Oriente, foi, em 1542, o local de chegada de São Francisco Xavier (1506-1552) e o ponto de partida do seu trabalho de evangelização no país e no extremo Oriente. Ainda hoje o missionário jesuíta é a personalidade ocidental mais venerada no Japão, bem como na Índia. A exposição das relíquias de São Francisco Xavier na Índia está a ser um acontecimento marcante, no qual se espera a presença de três milhões de pessoas desde 21 de Novembro até 2 de Janeiro de 2005. Da Basílica do Bom Jesus, onde está o túmulo do missionário, na parte antiga da cidade, os restos do jesuíta, grande apóstolo do Oriente, foram levados para a Sé de Goa. O arcebispo de Goa, Filipe Néri António, lembra que São Francisco Xavier é uma figura universal, muito querida na Índia: “todos o tratam com grande devoção (é chamado “senhor de Goa”), independentemente do credo religioso, não só em Goa, mas em toda a Índia”. Já o representante do Papa no país, Núncio Pedro Lopez Quintana, considera que “Francisco Xavier é um santo precioso para o nosso tempo”. Considerando a natureza pioneira da acção empreendida por São Francisco Xavier no Oriente por iniciativa de Portugal, o governo português criou o Comissariado-Geral responsável pelas comemorações do V Centenário do Nascimento de São Francisco Xavier, como reconhecimento do seu esforço em “lançar as raízes do diálogo inter-religioso e promover o respeito pela diversidade cultural como via para a compreensão e a convivência pacífica entre os povos”. Ao Comissariado-Geral compete apresentar o programa geral das Comemorações, no qual se deve incluir a reconstituição do périplo marítimo de São Francisco Xavier pelo navio-escola Sagres desde Lisboa ao Japão, bem como a criação do Centro de Estudos São Francisco Xavier. Santo Inácio de Loiola enviou para Portugal, em 1540, dois dos seus primeiros companheiros: o navarro Francisco Xavier e o português Simão Rodrigues. A vinda dos jesuítas deve-se à iniciativa de D. João III a quem Diogo de Gouveia, responsável pelo Colégio de Santa Bárbara em Paris, indicara a existência de um novo grupo de clérigos que considerava “aptos para converter toda a Índia”. Em 1542, S. Francisco Xavier desembarcou em Goa com dois companheiros e, depois de percorrer vastas regiões da Índia, esteve em Malaca e nas Molucas, chegando ao Japão em 1549. Veio a falecer em 1552, quando se preparava para entrar na China. O Pe. João Caniço, jesuíta, considera que estamos na presença de um “missionário extraordinário, sobretudo no que diz respeito à abertura cultural”. “É notável a aprendizagem que ele foi fazendo ao longo do tempo, na sua acção missionária, vendo que a sua missão se faria dialogando e conhecendo as culturas diferentes”, acrescenta. Admirado no Oriente, São Francisco Xavier tende a ser esquecido em Portugal. O Pe. João Caniço lembra que nas cartas que escrevia do Oriente, o missionário falava em “nós, os portugueses” e referia que era “navarro de nascimento e português de coração”.

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