São Bento, padroeiro da Europa

Apresentação da obra «Tibães – o encanto da Cerca, o Silêncio dos Monges e os últimos Abades Gerais Beneditinos».

Na Sala do Capítulo Geral do Mosteiro de Tibães (perto de Braga), é apresentado dia 11 de Julho, pelo Professor José Mattoso, o livro da autoria do professor, sacerdote e monge beneditino Geraldo Coelho Dias, a obra “Tibães – o encanto da Cerca, o Silêncio dos Monges e os últimos Abades Gerais Beneditinos”.

Dia 11 de Julho é a festa de S. Bento, Padroeiro da Europa. Nestes tempos de crise generalizada, talvez valha a pena recordar a vida e a acção deste homem, romano do século VI, natural de Núrsia, na Úmbria, que viveu em tempos de crise aflitiva para a Europa. Então, eram os bárbaros destruidores, que invadiam o Ocidente Europeu e provocavam a queda do Império Romano. Por toda a parte, se levantava o medo, desapareciam os valores humanos e cristãos, faltavam homens de têmpera verdadeiramente religiosa, que, com os olhos em Deus e no serviço fraterno, ajudassem à salvação da civilização cristã e humanista, que começara a construir-se.

Houve, então, um homem, Bento em graça e em nome (480-547), que, de facto, se entregou a uma vida de valorização humana e espiritual, e foi ele que, de alguma maneira, conseguiu construir um dique de defesa moral. Através da sua Regra, a Regra Beneditina, e dos seus monges, a Europa iria reflorescer e dar força à civilização cristã ocidental.

Curiosamente, no dia 1 de Abril de 2005, o Cardeal José Ratzinger, em nome do Papa João Paulo II, foi a Subiaco, onde S. Bento, inicialmente, como monge, se refugiara, proferir uma conferência sobre “A Europa na crise das Culturas”. No dia seguinte, o Papa morreu e, poucos dias depois, Ratzinger era eleito Papa. Escolheu o nome de Bento XVI, e todo o mundo ficou boquiaberto com a escolha de tal nome. O novo Papa, porém, vira na sua ida a Subiaco uma espécie de prenúncio, de que S. Bento fora como que o profeta. Na verdade, Ratzinger tinha afirmado:

“Temos necessidade de homens como Bento de Núrsia, que, numa época de dissipação e decadência, se embrenhou na solidão mais extrema, conseguindo – depois de todas as purificações que teve de suportar – voltar à luz, regressar a Monte Cassino e fundar a cidade sobre o monte que, a partir de tantas ruínas, juntou as forças das quais surgiu um mundo novo. Bento, como Abraão, tornou-se, assim, pai de muitos povos”.

Na realidade, através de muitos mosteiros na Europa, cidadelas do espírito e da cultura, e pela acção dos seus monges, armados com o tríplice arnês da Cruz, do Livro e do Arado, Bento tornou-se, premonitoriamente, o construtor da nova Europa dos valores e do progresso da humanidade cristã: fé em Deus, serviço fraterno, ajuda aos mais fracos, desenvolvimento das terras, estudo e cultura. Em Portugal, só no Entre Douro e Minho, de 1567 a 1834 houve 17 mosteiros beneditinos, hoje quase todos subsistentes como paróquias e freguesias; mas antes, havia mais.

Recordar, pois, este santo, Padroeiro da Europa proclamado em 1964 por Paulo VI, significa, hoje, encontrar um arrimo para combater o pessimismo, uma força moral e um estímulo para, cristãmente, cultivar os valores que pregou e vencer a crise, que nos desgasta e entristece.

Geraldo Coelho Dias

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